Diario de Bordo

Diário de Bordo inicio das viagens Março do ano de 2010.

                        

No primeiro Roteiro foram 4.980 km…

No segundo roteiro mais 3,729 km rodados 

 No terceiro roteiro foram 6.376 km  rodados até retornar para casa. 

          Sempre levando este testemunho para a Gloria de Deus ! 

Com este titulo “Diário de Bordo” estarei contando as experiências vividas nas estradas, durante os anos que Deus me permitiu levar meu testemunho em quase todos os pontos do Brasil.
na Primeira etapa, foram quase três anos, e perto de 200.000 (duzentos mil) quilómetros percorridos, Percorri as estradas do nosso Pais de um extremo ao outro, somente não estive nos estados onde não era possível ir rodando pelas estradas com meu Abençoado “FUV”. apelido dado pelo nosso Netinho que tinha três anos quando fui pra estrada com o FUV.

         

Depois na segunda fase com um caminhão mais novo, um Ford Cargo modelo 2429 ano 2013 que adquirimos em 2014 para ser usado em nossa atividade naquela época, mas infelizmente, devido ao reflexo das corrupções no evento da copa uma nova crise económica nos atingiu, e as coisas não correram como seria necessário e acabei voltando para as estradas agora com o ABENÇOADO.


Iniciou então uma nova fase nas estradas e Deus me permitiu levar novamente meu testemunho pelo Brasil todo, foram aproximadamente mais três anos nas estradas e mais de 200.00 kilometros rodados, somados entre a primeira fase com o FUV e a segunda com o Abençoado rodei perto de meio milhão de kilometros. (demais detalhes  no link “PARTE 3” da minha Historia até os dias de hoje).

Para quem foi diagnosticado que não voltaria a andar e ficaria de cadeira de rodas para o resto da vida, Eu ter conseguido  fazer tudo isso, com oito parafusos na coluna como se diz aqui no Mato Grosso “Só por Deus!”…

           Vida de caminhoneiro, não e facil…

Devido ao formato “Blog” as Historias seguem em ordem de inserção ficando a primeira viagem no final da barra de rolagem, desejando ler do inicio deverá navegar pela barra de rolagem para o inicio, onde esta em sequência o relato desde a primeira viagem e em sequência as seguintes.

Bora continuar a contar enquanto a memoria colaborar.

Viajar é preciso…vamos em frente!

 Tentando lembrar da 14° viagem e mais uma porção de viagens depois rsss.

14° Viagem – Uberaba Minas Gerais X Goianira Goiás.

Esta viagem pode se dizer que foi curtinha, estava distante de casa apenas 474 quilômetros.

Curtinha para quem esteve distante, por muitos quilometros e muito tempo sem carga para retornar para casa.

Foi um giro de 7.422 quilômetros desde que estive em casa com o Fuv apelido do nosso caminhão, pela última vez. Mas ainda faltava mais 474 fecharia no total um giro de 7.896 quilometros… e muitos dias fora de casa, não fosse uma ida de avião de Petrolina para casa que conto na 12° viagem. 

Assim foi, já acostumado com os procedimentos e a rotina de carregamento, então até que o tempo passou rápido. Nesta empresa o carregamento era ágil e também carregava durante a noite. A carga oferecia risco de se projetar para fora da carroceria, placas de madeira para móveis com superfície muito lisa, caberia então muito cuidado com as amarrações e também com a velocidade em curvas e rotatórias e até o cuidado redobrado com a velocidade de cruzeiro porque não era seguro acionar o freio de forma abrupta, isso com certeza faria a carga se projetar para fora da carroceria.

Tomados todos os cuidados e a apenas 474 km de casa segui viagem.

Percorri somente 126 quilômetros, ainda cedo para jantar era por volta de 18:00 horas ainda, mas eu havia chegado em um dos postos de abastecimento que oferece uma ótima estrutura de atendimento para caminhoneiros, quisera fossem em maior número postos como este.

Como sabia que adiante não estaria em algum restaurante ou posto com o mesmo padrão de atendimento, resolvi tomar banho aproveitando que o Banheiro era de boa qualidade e higiene.

Então depois do jantar, eu já estaria de banho tomado, qualquer lugar que fosse seguro serviria para parar e dormir, mas lembro que estava motivado a ir dormir em casa mesmo que tivesse que rodar a noite e chegar de madrugada, valeria a pena.

Porém para quem acredita que Deus nos livra de acontecimentos ruins ou todo tipo de mal, já deve ter experimentado uma sensação estranha que alguns chamam de pressentimento. Foi isso que aconteceu comigo naquela ocasião. algo me inspirava a não seguir viagem naquele momento, era cedo ainda para dormir, sempre costumava rodar até mais tarde por volta de 11 horas a meia noite ou até mais tarde, sempre respeitei o sono, então quando batia o sono eu sempre parei para dormir nem que fosse durante o dia, qualquer tempo de que durma nesta situação, já faz uma enorme diferença, não é prudente dirigir com sono.

Não era este o motivo do mal pressentimento, estava sem sono e era cedo, não estava pretendendo dormir tão cedo. Porém creio que devemos ser sensíveis ao alerta que Deus possa estar tentando nos dar, Resolvi ligar para a esposa e avisar que iria parar para dormir. Ela também acreditava que eu fosse tocar direto, mas concordou que seria mais seguro descansar e seguir viagem na madrugada do dia seguinte.

Logo eu pude perceber que estava realmente recebendo um livramento de Deus.

Busquei um lugar, depois que eu já havia estacionado, ao fechar as cortinas do Fuv eu percebi que estava estacionado em frente a uma capela existente ali no pátio do Posto Decio. Logo ao fechar as cortinas e me deitar teve início uma chuva muito forte, as gotas da chuva batiam com tanta força na cabine do caminhão que pareciam granizos até.

Pensei então , acertei em dar ouvidos ao pressentimento.

Dormi, e ao sair de madrugada pude confirmar novamente o livramento que havia recebido, rodei poucos quilômetros, e já me deparei com um caminhão que havia saído fora da rodovia, imaginei que deveria ter ocorrido naquele momento do temporal, este trecho da estrada até chegar no trevo da Br 153, naquela época era uma pista precária, estreita e cheia de buracos e remendos no asfalto.

Pensa num trecho de estrada que eu não deveria ter percorrido naquela noite, ao me aproximar da próxima cidadezinha chamada Sapetuba eu ouvi um estouro muito forte.

Era um pneu traseiro que havia estourado, pensei isso não é bom, pensa numa situação difícil é trocar um pneu de caminhão. Existem pessoas que nem de carro se dispõem a trocar imaginem de um caminhão carregado….

Mas Deus manda sempre seu ajudador, quando procuramos viver agindo o mais próximo possível do que agrada a Deus coisas como esta se tornam uma constante no nosso dia a dia. 

Não me refiro ao pneu estourar, isso infelizmente faz parte da lei da física e todos estamos sujeitos. Me refiro ao fato de ao ter ouvido o estouro, pensei rodar bem devagar até encontrar um lugar seguro para tentar trocar o pneu, eu estava em uma curva e não poderia fazer esta troca no mesmo local do estouro do pneu.

Ao me aproximar de um local de acostamento que eu poderia fazer a troca, coisa que praticamente nem existia naquela rodovia na época, eu avistei uma pequena cidade chamada Xapetuba, e logo na entrada eu avistei uma borracharia que estava naquele momento iniciando seu dia de trabalho.

Pensei comigo DEUS É BOM !!!… e assim foi feita a troca do pneu e pude seguir a minha viagem. 

Pensei naquele momento, e você também, pense comigo agora, se eu não tivesse dado ouvidos ao aviso que só pode ter sido da parte de Deus e tivesse seguido viagem na noite anterior, poderia ter sido o meu, o caminhão acidentado que encontrei na rodovia ? e se fosse à noite naquele trecho precário que tivesse estourado o pneu do meu caminhão?

Sempre senti a proteção de Deus e procuro viver agindo de maneira que eu nunca perca a sua proteção. Procuro viver fazendo ao próximo o mesmo que eu gostaria de receber!

Sei que não sou perfeito mas esta regra já nos ajuda a pelo menos tentar nos manter no caminho certo.

Chegando em casa depois de tanto tempo distante, passar um tempo com a Família é a maior recompensa.

Então chega meu netinho de pouco mais de três anos, ao me ver corre para a área da casa onde se encontravam ele a minha Esposa e a minha Mãe, nossa Filha estava também em viagem naquele dia.

Meu neto veio em minha direção com uma das sua mãos segurando um dos dedos da outra mão, para não perder a conta e enumerar as coisas, contando… Vovo tem que “conseitar” daí vem a sequência dos outros dedos a cada “conseito” que era pro Vovo fazer…Na lista estava também tirar brinquedos que Ele havia jogado no telhado da área aos fundos da casa. rrsss…

Boas lembranças…

O tempo todo Deus é Bom !

No outro dia cedo continuei a viagem rumo a Goianira para descarregar. faltava agora poucos quilômetros e estaria livre para descansar uns dias em casa.

Quem conhece Goiânia sabe que a cidade é famosa por inúmeras rotatórias.

Vamos lá então, transito intenso e as rotatórias esta era a preocupação, não posso descuidar. segui em frente com atenção redobrada devido a carga e quando já na reta final para entrar na rodovia de ligação de Goiânia e Goianira, percebi um menino com uma bicicleta aguardando na beira da pista para seguir adiante, sem poder acelerar percebi que ele pretendia passar na frente do meu caminhão aproveitando que eu estava em baixa velocidade, daí percebendo que ele iria entrar com sua bicicleta na minha frente, com certeza se eu diminuísse um pouco mais a minha velocidade e sabendo que se ele fizesse isso eu não poderia frear o caminhão porque poderia derrubar a carga e assim mesmo atropelar o menino, complicando ainda mais a situação ali estava uma rotatória em desnível para o lado direito da pista, me vi obrigado a não reduzir a velocidade e tentar fazer o contorno da rotatória seguindo adiante.

Meu temor estava certo, graças a Deus não deu tempo do menino entrar na frente, estava livre de atropelar o garoto, mas ao terminar o contorno da rotatória, aconteceu o que eu mais temia e estava tentando evitar. Naquele momento percebi que o centro de gravidade do caminhão havia deslocado a carga projetando ela para fora em direção ao acostamento.

Senti que a cabine do caminhão estava se elevando do solo o lado do motorista levantou bastante, não tinha como definir o quanto mas a inclinação para o lado direito projetou as chapas de madeira para fora da carroceria, só não derrubou a carga porque eu havia feito uma amarração com cintas e catracas presas ao chassi do caminhão, do contrário poderia ter arrancado a carroceria junto com as chapas, outo fator que ajudou foi o fato das laterais serem grade alta.

Masss. oia ai o Masss, novamente, vida de caminhoneiro parece que sempre tem um masss … rssss… parei no acostamento para avaliar a situação, então percebi que a carga estava projetada quase um metro para fora da carroceria e o caminhão inclinado para o lado direito. 

Como se poderia dizer o ditado popular “E agora José?” eu me perguntei e agora Luiz..rsssss. Rir agora é fácil, mas na hora não estava rindo e sim muito agoniado com a situação.

Procuro manter a calma e considerar as possibilidades.

Faltavam em torno de 35 a 40 quilômetros do local do descarregamento, existiam duas pistas largas uma em cada sentido, eu entendi que não poderia seguir adiante mesmo que indo devagar pelo acostamento, devido a inclinação, a carga iria cair.

Sem outra opção, eu conduzi o caminhão pelo lado esquerdo da pista, torcendo para não ser parado por policiais rodoviários, caso isso acontecesse, além da provável multa por estar trafegando devagar pela faixa de maior velocidade, provavelmente eu teria que consertar a carga. Para consertar a carga eu teria que contratar uma empilhadeira e pessoal para fazer este trabalho e ainda fechar uma parte da pista para o deslocamento da empilhadeira ao redor do caminhão. da para imaginar o tralho e o custo que isso iria me trazer, não é memso? Lembrando que a todo o tempo memso tomando todas as precauções sempre existe a possibilidade de algum fator alheio causar um acidente, como foi no caso o menino da bicicleta, que teria entrado na frente do caminhão.

Diante de ter atropelado o menino então o dano foi somente material.

Deus teve misericórdia de mim e com cuidado consegui chegar até a empresa que iria receber a carga de chapas de madeira.

Graças a Deus também não estragou nenhuma chapa.Para minha surpresa ou não, oes funcionários daquela empresa que eram responsáveis pela descarga estavam habituados a receber caminhões com cargas nestas condições e até em piores condições que a minha estava. 

Então correu tudo bem, descarregaram o Fuv e pude ir para casa, agora com a missão de fazer os “conseitos” listados pelo meu neto.

São muitas emoções, não é mesmo?

Agradeço sempre a Deus por ter me protegido sempre e me permitido tantas experiências, elas servem para o nosso crescimento e valorização da vida.   

Em breve retornarei escrevendo mais um a História enquanto Deus permitir!

 

13° Viagem de de Patos de Minas para X Uberlandia Minas Gerais

Ao chegar em Patos de Minas recomeçar é preciso… 

Regra número 1 procurar um posto para descansar, em seguida procurar carga novamente, mas ainda falta um detalhe importante … descarregar… uma das etapas que às vezes pode demorar. 

Neste caso, ao me informar sobre as cargas, coisa que eu, por costume,já faço no percurso das viagens, mesmo antes de descarregar. É sempre preciso iniciar esta busca para tentar ganhar tempo. Então, se faz uma pesquisa sobre as cargas nos sites de que oferecem fretes, desta forma temos conhecimento de que tipo de produto vai ser a carga que iremos encontrar naquela cidade, feito isso, percebi que o produto que teria oferta de fretes em Patos de Minas, seria leite.

Como eu já havia carregado algumas vezes leite, este produto eu já conhecia os procedimentos, fui tentando negociar e agendar meu carregamento.

Fui informado que existia um tempo de espera em fila e não me recordo agora ao escrever, se era véspera de final de semana, quando isso ocorre, em algumas Indústrias demora mais tempo, até que a semana recomeça. Em indústrias de maior porte o carregamento não para, outras tem carregamento 24 horas, que não era o caso.

Pelos meus contatos feitos em busca da carga eu já tinha conhecimento que não iria conseguir carregar antes de dois dias de espera. Antes da carga que eu trouxe de Gesso de Petrolina na descarga, surgiu o oferecimento que eu fizesse o descarregamento de parte da carga para um dos clientes da empresa dona da carga em uma cidade próxima, não era muito atrativo o preço que ofereceram, mas para quem já sabia que teria que esperar por volta de dois dias ainda o novo carregamento, fazer o’que não é mesmo, um pouco e melhor que nada, não iria ficar parado, ajuda a passar mais rápido o tempo até poder carregar o leite.

No caso do meu caminhão o leite é de caixinhas é acondicionado em caixas de 12 litros e empilhadas em paletes. isso faz com que seja rápido o carregamento o mais demorado sempre são as filas , tanto para carregar quanto para descarregar. 

Estava tudo muito bem … bora fazer a entreguinha perto de Patos… senão por um motivo desagradável…!

No primeiro dia logo que cheguei a cidade, fui a uma Oficina Auto Elétrico para resolver um problema na partida do caminhão, era um conserto que precisaria ser feito no motor de arranque. estes custos sempre nos levam uma boa parte do resultado das viagens, acertado o custo dos serviços a bateria desligada e conserto finalizado.

A Caminho da cidade próxima Carmo de Parnaíba para a segunda entrega, fui parado por policiais Rodoviários. 

Eu respeito muito os Policiais Rodoviários, nossas estradas são muito perigosas e sem a presença deles seria muito pior.

Ao ser abordado como de costume apresentei toda a minha documentação e a do veículo também,   estando tudo em ordem com os documentos teve início uma checagem geral nas condições do caminhão. Novamente tudo em ordem…

Mass, aí vem o masss… novamente na história!

O agente deu início ao preenchimento de três multas, e foi argumentando que o meu caminhão teria que portar cinco faixas refletivas aplicadas na parte traseira da carroceria do caminhão, faltando então uma faixinha de 30 cm. Seu caminhão só tem quatro aplicadas, naquele instante passou outro caminhão mais antigo que tinha somente 3 faixas refletivas, apontei ao outro caminhão e perguntei  se aquele outro caminhão estava irregular também e ouvi a seguinte resposta, que não, o outro não estava irregular devido ao seu ano de fabricação ser mais antigo, então me pergunto… o’que é que define a quantidade de faixas refletivas ? é o ano do caminhão ??? Até aquele momento eu acreditava que o motivo seria a segurança, visando maior visibilidade e evitar acidentes … mas esta justificativa me faz pensar… qual é o verdadeiro motivo de tudo que se determina nestas regras ??? O que você pensa a respeito? outra multa seria devido ao fato de não ter sido localizado o selo informando o nível de transparência do insulfilm dos vidros, conforme explicou, o nível de transparência estava dentro do permitido até bem mais transparente do que o limite permitido , mas como não localizou o selo, caberia a multa e a ordem para a remoção do insulfilm para poder seguir a viagem, aonde está o bom senso?

E por fim a terceira multa, está ele tinha motivo, ao desligarem a bateria  para a manutenção no motor de arranque, até que ficou concluído o conserto gerou um atraso no tacógrafo do caminhão, e estava dando uma diferença no horário registrado no disco de papel com o horário da abordagem. Esta é também outra questão que cabe comentar, nas viagens longas é comum se iniciar a viagem em um estado que tem seu determinado fuso horário, ao longo do percurso acontece com frequência entrarmos em outro estado com fuso horário diferente, isso também vai gerar uma diferença de horário no disco do tacógrafo não é mesmo? Neste caso então, qual a regra justa a ser aplicada nesta situação?

Mas oque se há de fazer não é mesmo ? 

Terminei o percurso, descarreguei o restante da carga e retornei para Patos de Minas.

Retornamos então à parte chata dessa atividade… Fila de espera!  

Em algumas empresas o motorista não pode se ausentar do veículo, deve permanecer dentro da cabine em todo o tempo de espera até o final do carregamento, algumas empresas nem mesmo podem descer para acompanhar o carregamento, e em outros deve permanecer em um local destinado para a espera. Não questiono essas exigências, os motivos são válidos, o motivo é a segurança na maioria das vezes. Mas este isolamento torna a espera aparentemente mais longa, e sem grandes lembranças de amizades feitas nas filas de espera, Aqui não me recordo de detalhes deste período de espera.

Também não tenho lembranças do momento do descarregamento em Uberlândia.

Somente me recordo que já tinha em mente que após o descarregamento me deslocaria para Uberaba para carregar novamente na empresa Duratex onde sabia que existiria carga que me levasse de volta para casa.

12° Viagem de Petrolina Pernambuco X Patos de Minas em Minas Gerais

Bora lá…

Um pátio lotado de caminhões e uma fila gigante para carregar.
Mas sem opção, nesta hora resta fazer de conta que esta tudo bem e procurar fazer amizades e passar o tempo, no meu caso uma oportunidade para falar também sobre o meu Testemunho.

Lembranças…

Nao poderia deixar de voltar e contar o lado bom de ter que ficar esperando , não e mesmo!?…. Então estas amizades construídas nos dias de espera, eram uma Bênção de Deus, este tempo de convívio durante a espera nas filas, nos presenteava com Boas amizades e portanto boas lembranças, uma característica da maioria dos caminhoneiros é a solidariedade, logo surgem afinidades entre alguns e pronto esta formado um grupo, pensa num grupo que se une  e se ajuda de todas as formas, assim foi. Parados próximos se possível, voltados uma cozinha de um caminhão para a cozinha do outro e temos nosso restaurante. Dai vem o cardápio… sempre surge uma sugestão de o que preparar nas cozinhas para que todos compartilhem da mesma refeição. Basicamente costuma ser feito algo simples, uma comida semelhante a que costumamos comer em casa. Mas cada um com seu toque especial, um fazendo o feijão o outro fazendo um arroz um macarrão ou alguma outra coisa e assim ajuda somado as conversas, a  passar o difícil tempo de espera. Alguns destes grupos nos tornam tão próximos que a amizade que surge ao terminar a espera e ir carregar para ir embora, nesta hora já estamos com saudades de todos.

Também ajuda muito esta solidariedade, por que, caso alguém esteja sem dinheiro não passara fome, onde come um grupo de caminhoneiros, tendo ou não tendo dinheiro, ninguém passa fome. Ajuda também a economizar, as compras costumam ser feitas de forma coletiva e divididos os valores entre todos, assim se faz um melhor aproveitamento da comida preparada e não tem desperdícios. Todos são solidários se revezando nas tarefas, tando a tarefa de cozinhar como a de lavar a louça.  

Assim foi, passou o primeiro dia, o segundo dia, o terceiro dia e nada da carga.
Ali eram carregados vários caminhões todos os dias, o sistema deles era segundo diziam por ordem de chegada, todos os dias as 6 horas da manha quem tivesse interesse em carregar deveria formar uma fila na portaria da empresa.

Ali era preenchido um check-list onde o motorista informava o dia que chegou ao local, para onde era a cidade que desejava carregar, apresentando duas alternativas sendo a cidade de preferência ou uma segunda opção.

Assim sendo se estivesse na relação de cargas daquele dia os primeiros por ordem de dia de chegada poderiam ser chamados.
Então vamos lá… quarto dia, nada… então na hora de informar as 6 horas da manha ao preencher o check-list pra onde eu queria carregar, ao inves de por a cidade de destino eu escrevi que queria “IR PARA O CEU”… pois é… não surgiu carga para o céu naquele dia !!!

No dia seguinte, quando fui preencher a cidade de destino desejada, na prancheta que era a mesma lista do dia anterior percebi que havia sido riscado a minha cidade de destino escolhida, que era ir para o “CÉU” escrevi novamente que queria como cidade de destino ir para o “CÉU” novamente e reclamei com o responsável, porque é que riscaram a minha cidade “CÉU” escolhida e informada no dia anterior?…

Ja faziam 5 dias que eu estava lá esperando naquela fila, tinha feito amigos naqueles dias que estavam ali há muito mas tempo do que eu, um deles, (meu amigo ate hoje) o Gilceu e seu Filho Natan, ja estavam ali há 12 dias na fila.
Durante este periodo de espera, só quem não quer enxergar é que não percebe, alguns caminhões chegavam, e logo já estavam de partida e nós continuávamos ali na fila.
Percebíamos que algo privilegiava alguns e desta forma prejudicava outros. Por este motivo, tive a inspiração de escrever que queria ir para o “CÉU” como cidade de destino.
Oque você acha que aconteceu ???

Não apareceu uma carga para o CÉU.

Ainda estou aqui Graças a Deus que é o ÚNICO que pode nos mandar para o CÉU não e mesmo !?…

Mas o responsável pela chamada dos caminhões para carregar se sensibilizou com aquela escolha de cidade de destino e mandou me chamar, me pedindo para eu explicar porque eu havia escrito aquilo… “Cidade de destino escolhida CÉU”

Então eu expliquei para ele que estávamos ali há vários dias eu, há 5 dias e outros com muito mais tempo, como no caso do Gilceu e seu filho já há 12 dias. Percebíamos, que alguns caminhões chegavam e logo eram carregados e iam embora.
Então no mesmo instante ele me disse, veja aqui nesta lista se alguma destas cargas serve pra você… e perguntou qual era mesmo o nome daqueles que estavam lá há 12 dias.
Estávamos em mais companheiros, era eu o Gilceu e o Natan (amigos em contato até hoje) o Vanilton (amigos em contato até hoje) apelido de Baixinho, o Barba.

Eu escolhi uma carga que, mesmo pingando me levasse na direção de casa, assim que desci a rampa para pegar o caminhão e carregar, ouvi no auto falante chamarem o nome do Gilceu para carregar. Isso já foi mais uma providencia de Deus, terem nos carregado naquele mesmo dia, até porque estava tendo jogo do Brasil naquele dia e era de costume ser feriado e não carregarem ninguém nos dia de jogo do Brasil na Copa.
Saímos juntos todos carregados e por uma parte do percurso viajamos juntos, eu para Patos de Minas eles para outros destinos mas em direção de retorno para suas casas, graças a Deus e ‘a aquele que nos chamou, que foi tocado por Deus e também queria ir para o CÉU.

Deus nos diz, que se o buscarmos e vivermos segundo ele nos pede na sua palavra…

Ele estará sempre conosco … e assim tem sido!…

No mundo tereis aflições, mas tende bom animo!

Por que Ele venceu o mundo e estará conosco!

Sua Justiça pode tardar mas não falhara!…

Estou escrevendo contando esta viagem agora 21 /05 / de 2022, já passados aproximadamente 12 anos e ainda me emociona.(reeditado em 23/07/2022)

11° – Décima primeira viagem –  Mês 06, ano de 2014.

De Matão-SP. X Pirapora-MG X Montes Claros-MG X Irece-BA X Juazeiro-BA /Petrolina-PE. 2.175 km. implementos agrícolas.

          Esta viajem tem Historia pra contar…

Depois de descarregar em Dois Corregos SP. seguir em busca de outra carga, mas aonde ? nestas horas oque ajuda muito são as conversas com os caminhoneiros que se tornam novos amigos, alguns nunca mais os encontramos e outros passam a ser mais próximos até que parentes. Como de costume, bora procurar um posto, e também tentar arrumar a “tar da carga!”. rss…

Nas estradas de São Paulo quanto menos rodar melhor devido ao preço exorbitante dos pedagios.

Eu ja tinha em mente as dicas recebidas dos amigos em Sinop e foi seguindo estas informações que eu rumei para a cidade de Matão SP.

11° Viagem de Matão São Paulo para Pirapora-MG  X  Montes Claros -MG X  Irece -BA X Petrolina Pernambuco..

Vamos laá …

Nunca programei um roteiro e também procurava por como regra, que seria Deus que iria encaminhar a carga, assim sendo existiria um propósito de Deus para que eu fosse, mesmo que eu não conhecesse e nunca tivesse ido para aquele lugar foi assim desde a primeira viagem.
Estava então em Matão-SP. aguardando uma carga na empresa que o Amigo que conheci na madeireira em Sinop havia me dado a dica.
Matão e um grande fabricante de implementos agricolas, esta seria a esperada carga, implementos para a lavoura, também sempre levei em conta oque eu iria carregar, se a carga seria benéfica para o meu próximo então eu carregaria, do contrario eu não iria dedicar o meu tempo e o uso do veiculo abençoado para prejudicar outras pessoas, nenhuma carga que fosse prejudicial ao próximo agradaria a Deus se eu aceitasse, portanto esta carga me traria o sentimento de estar colaborando com o lado do bem, levar estes equipamentos era uma forma que eu estaria ajudando na produção de alimentos e levando trabalho para as pessoas.

Sempre acompanhei de perto o carregamento para evitar danos a carroceria do caminhão e estar ciente de como teria que proceder para amarrar e fazer o transporte com segurança, cuidando da distribuição do peso e considerando a inclinação da pista, coisa que muitos não se atentam e que é o causador de muitos acidentes nas rodovias, e isso me dava conhecimento também das dificuldades e cuidados para descarregar.
Após algum tempo de espera, novas amizades e o testemunho entregue, caminhão carregado e vamos seguir.

Viajar é preciso!

O Roteiro seria em Pirapora-MG a primeira entrega, a segunda entrega em Montes Claros-MG destas duas entregas eu me lembro bem, porque aproveitei para tentar localizar duas Irmãs por parte de Pai que eu sabia que residiam em Montes Claros. Meu Pai esta sepultado nesta cidade, e foi ali que nos encontramos pela ultima vez. Eu havia perdido o contato com todos, e como eu iria fazer para encontra-los ? boa pergunta, não é mesmo ? Então, eu tinha o desejo de visitar o túmulo de meu Pai, mesmo tendo consciencia de que a pessoa depois que falece não se encontra mais neste mundo, fica apenas um local de referência de seu descanso. Em nosso coração mesmo que involuntariamente, permanece um misto de sentimento de saudade e respeito acho que isso nos leva a desejar fazer este tipo de visita.

Sem outro ponto para dar inicio a tentativa de encontrar minhas Irmãs, tive a ideia de ir aos cemitérios fazer uma busca pelo nome do meu Pai.
E deu certo, na administração do cemitério localizaram seu túmulo e tinha algumas informações sobre as pessoas responsáveis pelo sepultamento.
Foi muito difícil para me darem na administração, alguma informação ou algo que me levasse aos meus familiares, endereço não forneceram de forma alguma. Então explicando e mostrando que eu era filho do sepultado, até que, por muita insistência minha, ou talvez por considerarem que não era provável que ainda estivesse em poder da família pois já havia se passado aproximadamente 13 anos do sepultamento, me informaram um numero de celular.
Fui e visitei o local onde meu Pai estava sepultado, então, uma parte eu já havia conseguido realizar, vamos tentar então, ligar para aquele celular, Oque  você acha? já haviam se passado aproximadamente 13 anos do sepultamento, quais seriam as chances de eu ser bem sucedido nesta ligação, não é mesmo ?.

Mas… penso que quando Deus tem um propósito! ou quando os nossos propósitos são aceitos e permitidos por Deus! tudo é possível.

Fiz a ligação…

Para minha surpresa e acredite se quiserem, a pessoa que atendeu a ligação ao ouvir a minha voz, e mesmo ainda, sem eu  ter explicado do que se tratava a ligação, respondeu com esta pergunta… “É O LUIZ QUE ESTA FALANDO ?”

Vixi… nada esperado isso não e mesmo? Então ao confirmar quem eu era iniciamos a conversa e a pessoa se identificou ser o meu Cunhado.
Então veja só se não havia um propósito de Deus ! oque você acha?…

Como era Sábado e eu, sempre, quando cabe a mim a escolha, eu guardo este dia por ser o quarto dos 10 mandamento de Deus.
Então foi perfeito, um momento Abençoado de reencontro com as minhas Irmãs e seus familiares, dois dias de muita alegria e satisfação na companhia deles.
Já sai dali com Saudades de todos!

Reunião da família, fotos da segunda visita, não tenho fotos da primeira visita, em Montes Claros-MG.

 O resumo é que Deus nos da Missões, mas no percurso, sempre nos abençoa, nos da a proteção que precisamos e acrescenta ainda, bons momentos de Alegria e Paz.

Vamos em frente…

Cuidados redobrados, e vamos seguindo a viagem, eu já havia passado, por estas bandas na primeira viagem e quem é da estrada sabe que isso e preciso, principalmente nestas regiões.
Até aqui eu já havia passado anteriormente mas agora era rumo a Irecê na Bahia estrada que eu não conhecia ainda. Posso dizer que tive o privilegio de conhecer o Rio São Francisco desde a sua nascente até a sua foz nos anos em que estive nas estradas, neste percurso pude ler as placas com os nomes das cidades que ouvia na musica que o Sertão iria virar mar, Centro Sé, Pilão Arcado, Sobradinho…
Estava então agora em uma região de Sertão nordestino ao chegar em Irece, agora eu já havia descarregado a maior parte da carga e com esta entrega restou somente um pequeno equipamento que deve pesar em media uns 300 a 400 kilos no máximo, era feito em sua maioria de plástico era somente este implemento que faltava e que eu teria que descarregar em Juazerio-BA.
Vi no mapa que estava ainda à 430 km do destino, seria uma distancia grande, então pensei em arrumar mais algum complemento de carga para aproveitar e melhorar o resultado do frete que como de costume deixava a desejar que fosse melhor.

Faltava 430 km ainda… muito chão pra rodar praticamente vazio não é mesmo ?

Então…
Quanto mais pobre é o lugar maior é a exploração, isso eu pude constatar nas minhas viagens por todo o Brasil, se existe uma categoria que costuma ser explorada, talvez no topo esta a categoria dos caminhoneiros, não posso afirmar porque não atuei em tantas outras que também podem estar sofrendo com isso, portanto, classifico como “talvez no topo” mas em seis anos de caminhoneiro posso fazer esta afirmação.
Nesta ocasião temos um exemplo disso.
Ao procurar alguma carga, as únicas cargas que existia naquela região era milho ou pedra.
Quanto a isso não haveria problemas, poderia ser tanto uma como a outra eu iria carregar, desde que sobrasse algum resultado.
Dai é que pergunto a você, você teria aceito a carga?
Considere que o peso PBT maximo permitido para um caminhao Truck como o meu na legislação é de 15 toneladas.
A carga que ofereceram pra mim era o seguinte pedra 30 toneladas, ou milho 25 toneladas, expliquei novamente ao embarcador da carga que meu caminhão era um TRUCK e não uma carreta. (carretas podem carregar até 30 toneladas se for um cavalo trucado).
A pessoa me respondeu, eu entendi que o seu caminhão é um caminhão truck…
Mas aqui o peso que carregamos nestes caminhões TRUCK é este mesmo 30 toneladas.

O preço que seria pago pelo frete oferecido (ainda baixo), correspondia ao peso de 15 toneladas, mas se quisesse carregar teria que levar as 30 toneladas.

Você carregaria ? 

Não posso julgar quem estava carregando (cada um sabe da sua necessidade), mas oque eu ouvi foi o seguinte se quiser carregar carrega se não quiser outro vai carregar.

Então, nem é preciso pensar muito se carrega ou não, basta considerar que a sua vida e que vai estar em risco, porque o caminhão não é feito para este peso, consequentemente, pode não conseguir segurar nas descidas e também, pode não ter força suficiente no motor para subir os morros, isso é que costuma ser o motivo da  maioria dos acidentes nas estradas.

Dai seguir a viagem em diante é preciso…

Como ja deve ter imaginado eu não carreguei, e foi uma escolha acertada, as estradas naquele percurso ofereciam bastante risco mesmo para quem estivesse com o seu peso de carga normal dentro do PBT permitido.
Eu em todos os anos de estrada e quase meio milhão de kilometros percorridos sempre busquei cargas de preferência leves e nunca acima do PBT. Isso preserva o caminhão diminue as manutenções e reflete muito na economia de combustível. torna também menor o tempo de viagem, porque a potencia e peso corretos ajudam nas subidas e podemos confiar mais nos freios também.

Então é conhecer o sertão e rumar para Juazeiro. uma paisagem característica da região e inesquecível é oque encontramos em cada região deste nosso país, Brasil Abençoado por Deus.
Cheguei em Juazeiro e rapidamente estava com o caminhão vazio novamente.

Bora atrás da “TAR CARGA” novamente, já não foi muita surpresa oque encontrei, em sua maioria as cargas eram de verduras ou côco, adivinhem, frete ruim e excesso de peso…rsss.
Eu já tinha assistido este filme a pouca horas atrás coisa de um dia atrás em Irecê.
Ao menos eram menos exploradores em relação ao peso, mas toda as cargas acima do PBT dos caminhões… e com a frese costumeira “carrega se quiser!”…

Pra piorar mais um pouco, era meio de semana e época de Copa do mundo de futebol, então já era esperado passar pelos menos 4 dias de molho em algum posto de combustível para somente na segunda feira iniciar a correria atrás de cargas novamente.
Oque fazer ? eu já estava à bastante tempo fora de casa e diga-se de passagem ainda iria demorar bastante tempo para poder retornar para casa devido a distancia que eu  me encontrava.
Estas situações sempre foram a pior parte pra mim, ficar esperando em posto de combustível, muitos ou seja na maioria sem o mínimo de conforto pra não diser até sem o mínimo de higiene.
Pensei rapido e me ocorreu ver na internet, o preço de uma passagem aérea para voltar pra casa. Fiz isso de maneira espontânea sem esperar algo ao meu alcanse, mas como costumo diser Deus sempre nos reserva algumas surpresas e esta foi mais uma delas, encontrei uma promoção de passagem aérea que quando fiz as contas de quanto eu iria gastar ficando esperando todos aqueles dias parado ate passar feriado e fim de semana, a diferença não era muito grande, do valor da passagem aérea, teria que ficar alguns dias a mais para a data do retorno para que o valor fosse acessível, mas como já fazia bastante temo que estava ausente de casa não foi difícil escolher não é mesmo.
Bora lá…
Mass… um problema seria aonde deixar o Abençoado do caminhão ?
Uma ideia me surgiu… eu estava precisando fazer alguns reparos, manutenção como verificar freios e outras coisas básicas, então pensei, vou ver se encontro uma oficina, enquanto viajo, desta forma o Abençoado estaria seguro, guardado em uma oficina confiável.

Foi então que estando eu em Petrolina-PE na cidade vizinha de Juazeiro-BA separada apenas por um rio. Eu encontrei uma Agência autorizada da Volks marca do Abençoado “FUV” nome dado pelo meu neto de 3 anos naquela época traduzido quer diser “FUVISVAGUEM” era oque meu Neto dizia quando via a logomarca do caminhão.
Bacana então… Eu já havia encontrado um lugar seguro para deixar guardado o FUV.

Comprei a passagem, guardei o FUV na oficina e, bora pro aeroporto, pra reforçar a vontade de voltar pra casa estaria acontecendo um evento naqueles dias que iria reunir a família pelo menos boa parte dela estaria reunida. Então foi uma Benção de Deus aqueles dias em casa.
Mas é incrivel como os dias agradáveis passam  mais rápido não e mesmo?
Então la vem a Nice me convidar pra voltar à realidade, a nice sempre nos motiva nestas horas impressionante isso, o poder de persuasão da NICE !!!

Lembro que conheci a Nice eu era ainda bem novo eu tinha 10 anos quando ela me motivou a ir trabalhar de engraxate, ao longo do tempo as vezes ela ia passear e esquecia de mim, as vezes demorava um certo tempo, mas retornava novamente, as vezes para uma visita rápida outras para uma visita mais longa e assim tem sido, a Nice “motivadora” quem não a conhece ?..

Acredito que todos em algum momento somos apresentados a ela a sra. “NICEssidade” ou ela se apresenta mesmo sem covite rsss… acho que para a maioria faz parte da vida.

Então vamos lá incentivados pela nice, voltar buscar o Abençoado FUV, arrumar carga e seguir em frente.
Como era esperado o FUV estava lá guardadinho e em segurança.

Então vamos a rotina de procurar carga.
A realidade continuava a mesma, fretes ruins e excesso de peso, isso é a realidade em quase todos os lugares onde consideram que o frete é frete de retorno, pra ir o frete paga um valor um pouco melhor porque a nice acaba obrigando e o povo acaba carregando, mas na maioria dos casos o lucro da ida se torna na volta, como se diz na estrada virando “osso de minhoca” ou seja, nem precisa explicar não é mesmo, todos sabemos que minhoca não tem osso assim o lucro, também não existia naqueles fretes..

No meu caso sempre confiei que se Deus, se me levou ele também iria me trazer para casa.
Então procura daqui e dali por carga dentro do PBT mesmo que não fosse bom o frete, mas pelo menos para poder voltar, mesmo que fosse pingando, como se diz na estrada quando se carrega cargas de pequenos percursos de distancia mas que nos levem na direção desejada.

Me informaram que em Petrolina tinha uma empresa fabricante de gesso que era o único lugar para carregar dentro do peso.

Vamos lá então…

         10° Decima Viagem-

De Sinop-MT X Dois Córregos -SP. 1.850 Km

Esta madeira que carreguei em Sinop, seria transformada em casinhas para cachorro em uma fabrica de Dois Corregos – SP.

Em Sinop na serraria que meu amigo havia me informado.
Uma indicação é sempre bem vinda, e o responsável pela contratação dos caminhoneiros, conhecendo o Saulo que me indicou, me animou informando que alguma carga deveria surgir e eu estaria sendo contratado em breve.
Assim esperando eu fiquei nas imediações da serraria e conversando, conheci mais alguns caminhoneiros que ali estavam.
A classe dos caminhoneiros é sempre bastante unida e solidaria então rapidamente eu estava inserido no ambiente destes companheiros.
Na maioria os motoristas eram conhecidos do Saulo que não demorou a estar presente.
Estas reuniões ajudam a diminuir a falta dos familiares e o tempo passa mais rapidamente.
No primeiro dia de espera, ainda não havia surgido nenhuma carga que eu pudesse carregar.
Para os demais, estavam encaminhadas as suas cargas, e deveriam seguir para uma cidade distante uns 120 km de Sinop, onde estava a instalação da serraria que estava cortando a madeira. Eles deveriam estar no dia seguinte pela manha naquele local.
Foi então combinado um churrasquinho com todos na casa do Saulo naquela noite.
Então como costumava acontecer, surgiu o momento de falar sobre Deus e contar minha historia, todos contavam suas historias também e logo chegou a hora de descansar para a jornada do dia seguinte.
Na manha seguinte fui para a serraria e fiquei aguardando. Surgiu então uma encomenda para que eu pudesse carregar. Era uma carga de madeira beneficiada. Eram lambris de forro para uma empresa que fabricava casas para cachorros, instalada na cidade de Dois Córregos estado de São Paulo.
Carreguei a madeira e segui para o meu destino.
Passei novamente por Cuiabá, encontrei novamente com os familiares, mas como era dia de semana, e a encomenda estava sendo aguardada, não pude me demorar.
Havíamos combinado entre os motoristas na serraria, de nos encontrar em SP com alguns dos colegas que também foram carregaram madeira com esta região.
Esta rota eu ainda não conhecia, então mapa e GPS em mãos cheguei a Dois Córregos. Fiquei impressionado com as instalações e a produção da fabrica que produzia as casinhas de cachorro.
Não havia me dado conta que este é um produto que tinha demanda para ser produzido nesta escala.
Havia descarregado e busquei o contato com os companheiros que foram carregar as outras encomendas de madeira para SP.
Foi uma surpresa quando fiquei sabendo que ainda estavam em Sinop e que haviam tido problemas com a carga que carregaram.
O grupo de caminhões formado por três ou quatro com capacidade para muitas toneladas, havia carregado como era previsto, e haviam retornado para Sinop onde estariam passando pelo órgão do governo que faz a classificação da madeira e libera o transporte.
Mas como existem coisas imprevisíveis, um fato inacreditável aconteceu com eles.
Normalmente, são carregados em um caminhão, vários tipos de madeira, os tipos variam de acordo com a encomenda do cliente.
Mesmo a madeira carregada, tendo sido cadastrada e comercializada com freqüência, todas as cargas precisam ser vistoriadas.
Ocorreu com eles que, uma das madeiras, mesmo sendo comum, não estava na lista de classificação do órgão fiscalizador. O agente que conhecia e sabia como classificar aquela madeira estava ausente da cidade. Como conseqüência, foram obrigados a retornar ao local onde a madeira foi carregada, descarregar a madeira e aguardar por uma solução.
Pensei , eu poderia estar entre eles, e isso representaria um grande transtorno.
Carregar madeira, é sempre um motivo de preocupação para um caminhoneiro.
Mesmo não sendo o dono da carga, não tendo comprado ou vendido e mercadoria, muitos caminhoneiros já perderam seus caminhões.
Quando os órgãos fiscalizadores encontram alguma irregularidade, quem sofre a conseqüência de imediato é o caminhoneiro. Muitas vezes por desconhecimento da existência de leis de proteção e de todos os critérios que são aplicados para controlar a exploração ilegal da madeira, respondem como criminosos e acabam presos, e alem de perderem sua ferramenta de trabalho, se sujeitam a gastar o dinheiro que não possuem para se defender, para não ficarem presos e cumprirem pena.
Concordo que existem pessoas que buscam infringir as leis, e concordo que sejam punidas, assim como acho importante a existência de leis de proteção ambiental.
Mas a classe dos trabalhadores, que na maioria das vezes acaba sendo a vitima destas punições, acaba sendo a classe dos motoristas, quando em sua grande maioria esta buscando somente a sobrevivência de sua família.
Como no caso destes companheiros, não havia nada ilegal nem da parte da madeireira nem da parte dos compradores da madeira, e menos ainda por parte dos motoristas.
Todo o problema estava no fato de que apesar de ser madeira comum e comercializada com freqüência, ter recebido classificação como madeira legalmente comercializada e estar dentro dos limites de quantidade, naquela ocasião por algum erro de digitação, não apareceram no sistema onde deveria listar o seu nome e código.
Quem fica com o prejuízo? Quem pune os responsáveis por este prejuízo? Mais uma pergunta sem resposta, como tantas que nos fazemos quando nos deparamos com erros da parte do governo e que causam prejuízo à população.
Absurdos como este me colocaram em situação de espera em postos fiscais da receita federal, quando ao transportar mercadorias de um estado para outro, quando o comprador esta em debito com os seus impostos, quem fica retido como fiel depositário da divida é o motorista e sua ferramenta de trabalho o caminhão, acreditem se quiser, o governo utiliza este artifício para fazer com que o devedor do imposto pague sua divida, do contrario fica preso o caminhão que esta apenas fazendo o transporte do produto e seu condutor.
Deste tipo de arbitrariedade eu fui vitima por mais de uma ocasião, isso chega ao absurdo de ser constante na vida do profissional motorista. Ao perguntar a algum conhecido que exerça esta atividade pode se constatar esta afirmação.
Novamente a pergunta? Quem fica com o prejuízo ? Onde esta o responsável por isso ser adotado como regra, onde esta o direito do trabalhador da estrada.
Classe dos motoristas, uma classe que desconhece sua importância.
Próxima viagem:

Vamos adiante…

Quase três anos de viagens para contar…. nesta velocidade que venho escrevendo nem imagino quanto tempo será preciso para contar todas as viagens.
Minha atividade atual ocupa bastante o meu dia, que inicia entre as 4:00 e 5:00 h. da madrugada e vai até o retorno para casa por volta da 19:00 ou 20:00 horas.
Então, algum tempo em casa, cinco ou seis horas de repouso, e já estou pronto para mais um dia graças a Deus que sempre me renova e me capacita.
Nos dias de folga, depois de algumas ocupações, do tipo, consertar uma coisa ou outra, passear na casa de parentes, mercado etc. quando não estou ocupado com alguma destas coisas é que dedico um tempo para escrever.
Está explicado, demorar tanto para contar três anos de viagens…
Depois costumamos pensar com os nossos botões que não temos tempo para nada, e nos justificamos pelo atraso em concluirmos projetos como este de contar as viagens e tudo que aconteceu, mesmo entendendo que, em tudo que somos capacitados a realizar exista um propósito de Deus.
Desta forma penso a respeito de tudo que aconteceu nas viagens que fui capacitado a fazer, acreditando que exista um propósito.
O propósito de Deus tem alcance alem do nosso entendimento somente ele pode saber o qual.
Procuro dar continuidade a este objetivo que me dá muita satisfação, porque permite falar de Deus e levar a outras pessoas o quanto ele tem feito por mim, e sei que também faz na vida de todos, mesmo que não estejamos sensíveis para perceber.

Nona viagem-

Rondonopolis – MT. X Sorriso – MT. 364 Km.

BIG BAG – Para embalar diversos produtos como Adubos, Racões etc…
Esta carga estaria dentro do perfil que costumava buscar. Para mim seria um produto que eu ainda não havia carregado chamavam-no de “bag”
São sacos feitos de ráfia com capacidade de até uma tonelada cada e servem para embalar o calcário e insumos para lavoura. Este tipo de carga é bastante volumoso, mas, não representa muito peso, isso é sempre favorável para quem esta buscando um frete, representa uma viagem mais rápida.
Quando o caminhão é carregado com o peso do PTB total, isto é, com a capacidade máxima de carga do caminhão, este peso cobra um maior esforço do motor, que por sua vez consome mais combustível, principalmente nas subidas.
Carregado com a capacidade máxima de peso, o motor do caminhão trabalha próximo do limite da potencia, e sendo íngreme a estrada, a velocidade é reduzida drasticamente, por vezes temos a impressão que a pé poderíamos andar mais rapido.
Todos aqueles que fazem alguma viagem ou mesmo num trajeto de ida para casa, em locais que possuem terrenos montanhosos, com certeza já andaram se arrastando atrás de algum caminhão carregado.
Quanto maior o caminhão, ou maior o peso da carga, mais lento se torna subir uma serra. Então cargas como esta que eu estava carregando eram consideradas um presente, representando menor consumo de pneus, faixas de freio, óleo diesel e tempo de viagem.
Esta carga estava oferecendo um valor compatível e logo eu estava a caminho de Sorriso.
O que marcou esta viagem foi uma nova amizade feita no posto, onde eu havia chegado no dia anterior.
Conversei com outras pessoas e como de costume aproveitei para contar minha historia.
Deus sempre colocava alguém que, deveria existir um propósito para eu contar.
Por vezes acredito que o propósito seria o inverso, ao invés de eu levar meu testemunho era eu quem ouvia e aprendia muito com o testemunho de outras pessoas.
Naquele dia durante à espera, eu conheci e fiz amizade com outro motorista que morava em Sinop, uma cidade distante somente 50 km do destino para onde eu estaria carregando. Para quem não conhece o estado de Mato Grosso, Sinop é também um grande pólo de desenvolvimento, em poucos anos a cidade cresceu muito.
Seria o ponto mais provável para buscar carregar novamente, depois de entregar a encomenda da cidade de Sorriso, outra bela cidade do mato Grosso que também cresceu muito, apesar de serem cidades consideradas muito novas.
O Mato Grosso, quase todo ele, tem esta característica de crescimento.
Este novo amigo foi uma das pessoas que me contou seu testemunho de vida e me fez refletir bastante.
Contou sua vida as situações que teve que administrar. O que me contou, que foi mais marcante foi a historia de sua esposa.
Ele me contou que ela havia sofrido muito com o câncer, não sendo mais possível o tratamento em Sinop, em busca de diminuir ao Maximo o sofrimento de sua esposa foi ele buscar tratamento na cidade de Barretos no estado de São Paulo.
Ouvindo ele contar, era visível seu sofrimento.
Como nos sentimos impotentes diante de situações como aquela.
Buscar o melhor recurso, é a única coisa que pensamos, sem medir as conseqüências, sem pensar como fazer para pagar quando falta o dinheiro.
Tudo isso não diminui o sofrimento da pessoa que assiste a seu ente querido sofrer.
Não é possível sofrer a mesma dor que o doente porem, não poder mudar nada, causa o que não pode ser curado com remédios.
No caso deste novo amigo ele me contava que sua esposa ficou num hospital considerado uma referencia no Brasil em tratamento de câncer.
Me contou como era o atendimento e ao ouvir, fiquei feliz por existirem hospitais como aquele. Pelo menos o sofrimento torna-se menor, com pessoas dedicadas como aquelas.
Devido ao tratamento se arrastar por muito tempo ele acabou alugando uma casa na cidade onde estava o hospital.
Contou os detalhes, fiquei sensibilizado quando ele me contou que todo o atendimento que ofereciam, somente era possível, porque existiam pessoas famosas que mantinham os custos do hospital. Citou o nome de varias destas pessoas.
Pensei comigo, que bom que Deus deu condições e preparou estas pessoas.
Muitas ajudavam a manter o hospital pedindo que ficassem anônimas.
Sinto vergonha quando ouço atitudes como esta, e me pergunto por que eu próprio não buscava ajudar de alguma forma.
No caso deste novo amigo já fazia algum tempo que aquele sofrimento havia acabado.
Ele vivia agora outro tipo de sofrimento. Sua esposa apesar de todo acompanhamento não sobreviveu. Esta era sua nova prova naqueles dias. Era visível que, mesmo depois de passados alguns anos do final daquela situação ainda sofria.
Ela havia sido muito importante na vida dele, mas teria que continuar vivendo.
Quem sabe minha historia e tudo que conversamos tenha servido para lhe dar algum conforto.
Antes mesmo que eu tivesse carregado o meu caminhão, meu amigo decidiu ir vazio para casa, apesar de ainda distante 700 km de sua cidade.
Imagino que ficar esperando em um posto de combustível, estando em depressão como ele estava, acabe ficando ainda mais desagradável.
Esperar carregar, ficar os finais de semana em postos, muitos deles sem um mínimo de higiene, sempre foi a parte chata nos meus três anos de estrada.
Ele costumava carregar madeira em Sinop, lá chegando teria uma carga a sua espera, justificando assim, não ficar ali esperando por mais tempo.
Assim partiu, e eu fui carregar.
A caminho da nova entrega, chegando em Cuiabá, eu fiquei por algum tempo na companhia dos filhos, não poderia ficar por muito tempo, a carga sempre tem um prazo para ser entregue, às vezes tão curto que não é possível dormir. Mas o tempo na companhia das pessoas que amamos passa bastante rápido, um final de semana ajuda, mas seria preciso continuar.
Ao chegar em Sorriso descarreguei e segui para meu próximo destino, Sinop, vamos agora para a cidade do Saulo, quem sabe encontraria o novo amigo, e também uma carga de madeira.
Mas dai já é outra historia.

Oitava viagem-

Bela Vista de Goias – GO X Rondonopolis – MT. 820 Km.

Leite e produtos Piracanjuba.                                                          Posto Mazutti – Rondonoplois.

Citando o nome da empresa não ligamos com o nome do produto, mas tratava-se dos produtos com a marca Piracanjuba que é bastante conhecido.
Vamos lá então levar Leite para Rondonópolis.
A viagem transcorreu normalmente e quando me dei conta, estava num posto de Rondonópolis com o caminhão vazio e procurando carga novamente, eu estava Próximo 200 km da casa dos meus Filhos que estavam residindo em Cuiabá, mas não desejava fazer este percurso vazio pois o frete para ir até Rondonópolis, não havia dado muita margem de lucro e este percurso vazio representaria muito na conta do saldo da viagem.
Os lugares que costumam ter carga com freqüência, devido ao grande número de caminhoneiros que vão se oferecer para carregar, não costumam pagar valores muito representativos, muitos deles até acabam tirando proveito da situação.
Este tipo de situação ocorre com mais freqüência no nordeste.
Devido ao fato, de que a grande maioria dos caminhoneiros reside nos estados do sul e sudeste, estes caminhoneiros no anseio de retornarem para seus lares, acabam aceitando carregar por valores que equivalem somente ao custo do combustível que terão que pagar.
Como costumam dizer entre os caminhoneiros carregar pelo óleo.
Novamente percebemos a falta de critério para remunerar esta atividade.
Diante de uma condição mais privilegiada que esta, eu havia carregado, mas sem muita gordura no valor do frete não seria inteligente andar esta distancia até Cuiabá vazio.
Outro motivo seria o fato de que Rondonópolis no MT é uma cidade que sempre oferece carga para varias regiões, seria possível encontrar uma carga e valia à tentativa.
Seria preciso então estar atento, fazer contas e buscar a melhor oportunidade.
Depois de uma correria entre agencias de carga e agenciadores, consegui uma carga para Sorriso, também no Mato Grosso. Não estaria retornando para casa, mas desejava visitar os filhos em Cuiabá.

Setima viagem- 

Araguari-MG X Uberaba- MG X Goiania – GO – 446 km..

Mas se o objetivo é contar as viagens vamos então à sexta viagem.

Estava em Araguari, e novamente, próximo a Uberlândia.

Uberlândia poderia oferecer a carga que eu precisava, uma carga para retornar para casa, ou uma carga que passasse por Goiânia no percurso.
Eu teria que procurar, sem a certeza de encontrar rapidamente, não hesitei, preferi a segurança e a certeza da existência das cargas em Uberaba um tanto mais distante, e eu teria que percorrer este trecho vazio novamente.
Não quis ariscar e fui na certeza, Uberaba aqui vamos nós.

Agora já conhecendo todo procedimento em Uberaba e familiarizado com a carga e tudo o mais, nem resta muito a contar. Quando tudo esta correndo dentro do normal nem percebemos o tempo passar, e assim nos falta até assunto para historiar. Mas lembro que sempre surgia a oportunidade para fazer amigos, contar minha Historia e entregar alguns testemunhos.

Por isso já sem detalhes relevantes me dou conta que estava em Goiânia, havia descarregado e depois de ficado por alguns dias em casa eu já havia carregado novamente para Sorriso no Mato Grosso.
Esta também foi outra carga sem muito acontecimento marcante. Carreguei em uma empresa da qual eu já havia carregado em outras ocasiões, na cidade de Bela Vista de Goiás, que fica distante 50 km de Goiânia e sempre oferecia uma oportunidade de carregamento, seu produto, Leite e produtos derivados, produzido pelos Laticínios Bela Vista.

Sexta Viagem –

Carregando soja em Canarana-MT para Araguari – Minas Gerais.

Meu destino agora era Araguari Minas Gerais, estava carregado com soja de Canarana MT para Araguari MG.

Esta foi a única vez que carreguei uma carga a granel foi de soja a granel a única carga que estava disponível naquela cidade. O meu caminhão tinha capacidade de carga menor que a dos costumeiros Bitrens e Rodo-trens graneleiros que costumam carregar este tipo de carga, mas para minha sorte, seria sorte ou providencia ? Aceitaram carregar o meu caminhão também, do contrario teria que esperar outro tipo de carga e isso poderia demorar sabe-se lá quanto tempo.

Mas felizmente esta carga me levaria para casa novamente, estaria passando por Goiânia carregado e depois Iria para Araguari. Depois de ficar em casa no final de semana me apresei em descarregar , mesmo tendo chegado em Araguari a noite era perto de meia noite quando cheguei, a principio pensei em dormir no primeiro posto que encontrei, estava frio e tinha bastante neblina.

Logo que parei o caminhão veio ao meu encontro uma mulher oferecer sua companhia, era muito jovem e também muito bonita, estava vestindo um pesado casaco daqueles usados em climas muito frios. Ao se aproximar da cabine do caminhão, ao mesmo tempo que falava comigo já foi abrindo seu casaco e mostrando seu corpo que estava completamente despido.

Pensei então, oferecimento tentador, disse isso a ela, mas se eu aceitasse estaria cedendo a tentação e esta fraqueza, já me causou muito arrependimento no passado e me afastou de Deus. E depois sempre vinham as consequências, no mínimo muito peso na consciência. Se tudo na vida são provas então eu teria que vencer esta prova.

Sempre tive muita pena de quem esta numa condição como a daquela jovem, acho difícil julgar a atitude de quem se coloca nesta condição.

fácil acusar, mas será que as circunstancias da vida deixam opção ? Acredito que, em muitos casos possa ser a falta de capacitação para o trabalho, algumas pessoas chamam estas mulheres de mulher da vida fácil, mas penso que não deve ser fácil, ter que se sujeitar a todo tipo de risco ao qual estas pessoas estão se expondo, pode ser um preço muito alto a ser pago. Prefiro Não julgar.

Prova vencida. Nisto encontrei um motorista andando no patio do posto e fui pedir informação sobre o local onde deveria descarregar fiquei sabendo que o descarregamento era 24 horas. Esta noticia me levou a buscar o local e descarregar ao invés de dormir, normalmente existem filas enormes para descarregar soja e o quanto antes eu fosse para fila, maiores as chances.

Decisão acertada, era mais ou menos duas horas da madrugada e eu já estava descarregando, talvez devido ao frio e a neblina muitos escolheram dormir e isso me beneficiou.

Ainda pude dormir um pouco antes de amanhecer e tão logo acordei pensei, aonde seria o ponto mais próximo para carregar novamente. Como eu sabia que em Uberaba existiria carga de novo para Goiânia e eu não estava muito distante, apesar de ter que andar vazio o que não seria uma boa ideia, desejando carregar novamente, nem pensei muito e acelerei pra lá.

Quinta viagem –

De Barra do Garças-MT -X Canarana -MT 326 Km.

Em Barra do Garças não tem muita opçao de carga, principalmente para caminhões truck como era o meu caso.Mas, como Deus sempre tinha um destino, com um proposito para me mandar, este destino lá estava uma carga de agua mineral para Canarana- MT. Bora entao pra Canarana, cada vez mais distante de casa e para uma região que nao tem carga pra truck, mas se Deus esta mandando vamos lá , a carga sempre foi por conta do Dele o Senhor , nao importando aonde eu estivesse Deus sempre arrumava a carga e me mandava levar o Testemunho da minha Historia. Ele é quem colocava no caminho as pessoas para que era para ser levado.  Decarreguei e como ja era esperado, cargas só para caminhoes graneleiros de grande porte, mas não seria muita sorte que Eu conseguisse que carregassem um truck como excessao a regra ? Pois Eu não pensei em sorte, como sempre era Deus quem estava agindo novamente. Bora Carregar pela primeira vez uma carga de soja a granel…  Araguari Minas Gerais ai vamos nós, Eu e Deus ! Como bônus passaria novamente em Goiania e poderia ver a Familia e dormir em casa mais uma vez.

Quarta viagem –

De Goiania-GO X Bela Vista do Paraiso -GO X Barra do Garças-MT – 480 Km.

Surgiu então uma carga para Barra do Garças no Mato Grosso.

Leite Piracanjuba.

Carreguei em Bela Vista de Goiás e pela madrugada lá estava eu novamente na estrada.

Como é bom dar graças a Deus por tudo que recebemos, ao fazer isso não importa qual seja nosso trabalho, conseguimos executa-lo com prazer.

Carreguei em Bela Vista de Goias para Barra do Garças MT. Desta vez a distancia era pequena entre a origem e o destino da mercadoria coisa de 400 km.

Sem problemas percorri rapidamente o percurso e logo estava com o caminhão vazio novamente. Vamos então buscar uma carga de retorno. Eis a questão não existia carga de retorno. Então restava analisar as alternativas, depois de ouvir as informações sobre carga, a decisão mais racional seria seguir para uma cidade mais distante mesmo que isto me afastasse mais de nossa casa.

Carreguei então para uma cidade chamada Canarana estado do MT. na esperança de lá conseguir um retorno. Tudo transcorreu dentro da normalidade, mas o que me chamou a atenção e gostaria de dividir foi o desabafo que ouvi de uma Mãe.

Costumo guardar o dia de Sábado conforme esta determinado nos 10 mandamentos Bíblicos. Era uma sexta feira e então busquei preparar as coisas que iria precisar para o dia seguinte. Pensei em fazer um churrasquinho na beira de um rio que encontrasse na estrada e desta forma fui à busca dos preparativos. Tinha uma cozinha no caminhão, mas me faltava o gás para poder usar o fogão. Buscando resolver isso entrei em uma loja que vendia vários produtos relacionados, não encontrei o que procurava, mas comentando com a Senhora Que me atendeu que a utilização do gás seria em uma cozinha de caminhão, aquela Senhora começou a me contar sua Historia. Na verdade era a historia sobre a vida do filho desta senhora.

Contou-me que seu filho havia sido caminhoneiro e com um semblante triste relatou a tragédia que aconteceu com ele.

Conforme ela contava seu filho era caminhoneiro já há bastante tempo e havia conseguido bons resultados pelo seu esforço nas estradas. Disse ela que aos poucos ele foi adquirindo mais alguns caminhões, más ele continuava sendo um dos motoristas. Um dia quando já possuía três conjuntos de caminhões de grande capacidade de carga, como era de costume seguia viajem em comboio com os demais caminhões que possuía. Não me recordo dos detalhes, mas por alguns momentos ele se distanciou dos outros caminhões, e acabou sendo assaltado.

Segundo contava sua mãe ele era muito esforçado na sua atividade, mas tinha alguns cuidados que não tomava com sua saúde.

Algo não estava normal em sua saúde e ao ser abordado pelos assaltantes acabou sofrendo um mal súbito e faleceu. Enxerguei na expressão do rosto daquela senhora que não havia sido somente seu filho a vitima naquela tragédia, percebi que ela própria havia morrido com seu filho, não fisicamente, mas em sua maneira pela qual contava o que seu filho foi e como foi abreviada sua vida podia-se perceber o quanto uma mãe sofre numa tragédia como esta.

Parecia que sua alegria de viver havia acabado com este acontecimento. Isso me levou a refletir, pois lembro sempre da minha Mãe e o quanto sei que sou importante para ela.

Pergunto-me… Quantos já experimentaram esta dor e peço como diz minha querida Mãe que Deus nos livre e guarde deste tipo de acontecimento. Infelizmente a vida nas estradas como caminhoneiro ou em qualquer atividade tem seus riscos. Mas maior é nosso Deus que nos protege a todo instante. Como é bom sentir que Deus esta conosco e nos sentirmos protegidos. Viajei por quase todo o pais e não senti medo, pois estava sempre buscando em Deus andar em seu caminho e percebia que ele me conduzia no meu.

Isso sempre me traz a lembrança uma frase que ouvi muito tempo atrás, não sei exatamente em que parte da Bíblia esta escrito, mas sei que esta na Bíblia. A frase é a seguinte Deus não é homem para que minta escrevi esta frase na testeira de meu caminhão.

Quer dizer o seguinte.

Se andarmos segundo o que Deus nos orienta através da sua palavra ele estará sempre conosco. E Deus não é homem para que minta, então pode ter certeza faça isso e coloque a prova. Deus estará sempre com aqueles que o buscam agindo segundo a sua orientação.

Terceira Viagem –

De Uberlandia X Campo Florido-MG X Uberaba-MG X Goiania-GO – 693 Km.

 Havia acabado de chegar da Bahia e estava em Uberlândia Minas Gerais, apesar de menos distante de casa, ainda seria necessário arranjar outro frete para acabar de chegar até Goiânia Goiás onde residia naquela época.

Era domingo e eu estava em um posto de gasolina, esta é a rotina do caminhoneiro.
Em minha opinião esta é a parte chata da vida do caminhoneiro, ficar parado em um posto. Isso foi sempre o que mais me aborreceu.

Nos momentos em que não estamos trabalhando o maior desejo é estar na companhia de nossos queridos, este é sempre o meu desejo, mas nesta vida nas estradas, e nesta atividade de caminhoneiro não e possível que seja sempre desta forma.

Eu sempre me esforcei para conseguir cargas que me permitissem entre um destino e o outro passar em minha casa.
Sempre procurei quando estava com o caminhão vazio alem de encontrar a carga com valores justos cronometrar o roteiro com este objetivo voltar para casa.

Por vezes a maioria acaba se deslocando com o caminhão vazio por distâncias muito grandes para poderem voltar para casa. Este ato acaba por comprometer o lucro da viagem anterior.
Fiz isso algumas vezes más somente após considerar o prejuízo tomei esta atitude.
Nesta ocasião resolvi esperar a segunda feira para arranjar uma carga. Mas de repente apareceu uma oportunidade de carregar ainda no domingo. Pensei vou nessa, teria que andar ainda perto de duzentos quilômetros com o caminhão vazio até a cidade onde eu iria carregar. Isso não me atraia más ficar ali parado no posto me agradava menos ainda.

Campo Florido – Minas – Viagem tempo e combustivel perdido porque estava com problema no site da Sefaz  e não emita a nota fiscal.

Era uma carga de soja que eu iria carregar e após pegar a ordem de carregamento me dirigi à cidade de Campo Florido. Chegando lá diferente da promessa de chegar e carregar como é de costume ouvir, já não estavam carregando mais e tinha já alguns caminhões parados esperando em fila.

Fui então tomar conhecimento do motivo e fui informado que estava parado o carregamento devido a um problema com a emissão da nota fiscal. Perguntei e agora? Fizeram-me andar com o caminhão vazio toda esta distancia para perder a viagem?
Responderam-me que não tinham previsão de normalizar a liberação das notas fiscais.
Pretendiam recomeçar o carregamento no inicio do dia seguinte e informaram se caso eu e os que estavam na minha frente quisesse-mos poderíamos carregar, mas somente seriamos liberados para viajar quando fosse emitida a nota fiscal, e como o problema era com o sistema da Sefaz eles não assumiam nenhuma responsabilidade.

Como se costuma dizer puxa vida e agora o que fazer? Já andei tudo isso para vir até aqui e para piorar esta cidade era no sentido contrario a direção onde eu morava, caso fosse na mesma direção estaria quase em casa e terminaria de chegar em casa com o caminhão vazio mesmo.

Mas acabou que aquela tentativa para retornar para casa mais rápido e não ficar parado no posto me afastou ainda mais do meu objetivo. Diante de não haver uma previsão segura de conseguir carregar e não saber quanto tempo isso poderia demorar decidi que não adiantaria ficar ali naquela pequena cidade, ali tinha somente aquela empresa e seria a única opção para conseguir carregar então me dirigi para Uberaba- MG.

Ao chegar a Uberaba me informei nos postos como de costume e fiquei sabendo onde haveria possibilidade de conseguir um frete. Informaram-me que ali existia uma empresa de grande porte que costumava ter carga para toda a região e até outros estados. E que também carregavam em horários ininterruptos chegando a carregar durante a noite.

Fiquei animado e fui ao encontro da transportadora que contratava os fretes. Fiquei feliz porque tudo estava se encaminhando para a minha volta para casa. Ao ser informado das cargas e destinos disponíveis fiquei mais feliz ainda porque havia uma carga para minha cidade e vizinhança.

Vamos ver então o preço que estão oferecendo pensei comigo. Até aqui tudo estava uma maravilha. E o preço do frete? Ao saber o valor que estavam oferecendo pensei comigo, que legal o preço esta razoável, tudo estava muito bom, então eu já havia aceitado o valor e combinado tudo, tinha em mãos a ordem para carregar e faltava agora aguardar a minha vez e fui para fila.

Ai então nestas filas de espera é que eu me informava melhor sobre as particularidades de cada carga e também aproveitava sempre que surgia a oportunidade e Deus colocava alguém com este objetivo eu contava meu testemunho e entregava mais um dos livrinhos com a “Minha Historia” ali também aconteceu desta forma, fiz mais alguns amigos.

Estava tudo otimo então fiquei sabendo que a carga requeria um cuidado especial por tratar-se de chapas de MDF com um acabamento muito liso e este acabamento fazia com que as chapas escorregassem com grande facilidade caindo para fora da carroceria do caminhão ao menor descuido com uma curva ou ao frear causando acidentes.

Fui alertado pelos companheiros que já havia acontecido acidentes na primeira rotatória que ficava a menos de 1 km do local onde era feito o carregamento. Como se diz no nordeste  “VIXI” e agora fazer o que, depois de tudo isso, e já estar aqui e estar tudo encaminhado vou carregar… Se os outros carregam eu também posso.

Claro que assim foi, carreguei as chapas com certo receio e confesso que segui viagem mas com todo cuidado e mais um pouco rsss…

Ainda bem que não era muito distante estava agora por volta de 350 a 400 km de distancia de casa e depois de quase duas semanas que havia saído estava quase chegando.

Neste periodo eu havia percorrido quase 5.000 km e fiz o seguinte percurso:
Cuiaba-MT para Salvador-BA -/- Salvador para Alagoinha -/- Alagoinha para Uberlândia -MG Uberlândia para Campo Florido -MG – /- Campo Florido para Uberaba -MG – /- Uberaba para Goiânia – GO

Quando cheguei em casa faltavam apenas 2 km para completar 5.000 km desde o inicio da primeira viagem.
Somente após carregar pela terceira vez que consegui retornar.
Somente depois de três cargas carregadas consegui retornar para casa

 Dando continuidade ao Diário de Bordo vamos então a segunda viajem.

2° Viagem –

De Salvador – BA para Camacari-BA x Alagoinhas BA x Uberaba em Minas Gerais. –  1.741 Km.

 .

A Segunda Viajem foi de Salvador na Bahia para Uberaba em Minas Gerais.

Estava em Salvador na Bahia havia feito à entrega da carga da primeira viajem e precisava agora seguir adiante.

Então começa tudo novamente, encontrar uma carga, mas aonde? Perguntar nos postos de combustível, este é o primeiro passo, a pergunta é onde posso encontrar uma agência de cargas ou transportadora. Ouvindo as indicações encontrei um posto onde concentrava um grande numero de agências de cargas e transportadoras. Comecei então a ler nas placas que costumam usar para oferecer as cargas, utilizam placas com a semelhança de quadros negros ou até mesmo pintam nas paredes um espaço com tinta preta e escrevem com giz a cidade de origem e a cidade de destino da carga e qual o tipo de caminhão adequado, alguns colocam também o preço que estão oferecendo pelo transporte.

Este é o momento onde é preciso todo raciocínio, ou ao invés de carregar para obter um resultado favorável, ou seja, ganhar a sobrevivência pode acontecer exatamente o contrario, ou seja, prejuízo na certa.

Infelizmente o que constatei é que não existe um critério justo que defina o preço para este serviço. Deveria haver um critério que considerasse o preço do combustível o desgaste de pneus e também do caminhão, tempo necessário para percorrer a distancia entre o local de origem do carregamento e a cidade de destino. Se estes critérios fossem respeitados, se houvessem regras e fosse aplicada, isso diminuiria em minha opinião o numero de acidentes nas estradas.

O que é comum acontecer caso não se tome muito cuidado é carregar um frete que mal pague para cobrir o custo do combustível, isso acontece devido a muitos não fazerem os cálculos antes de carregar. Ocorre também quando o pagamento do motorista sendo empregado tem como referencia uma porcentagem do valor do frete, então seu raciocínio fica limitado a quanto ele vai receber pelos seus serviços, não digo que todos pensem desta forma com certeza aqueles que se preocupam com a continuidade de seus empregos não agem desta forma.

O habito de aceitar um frete sem fazer os cálculos e constatar se realmente vai haver o lucro necessário é o responsável pela exploração que existe em relação aos preços oferecidos os contratantes costumam dizer que o preço é aquele mesmo e que se um não aceitar outro irá aceitar e assim fica explicada a defasagem que existe no preço dos fretes.
Eu sou testemunha desta defasagem, desde 2009 quando comecei a viajar com o Fuv os preços oferecidos na maioria ainda são os mesmos, alguns até piores. Mesmo tendo havido vários aumentos nos preços de combustível e consumível como pneus etc.

Quando após ter carregado seu caminhão se conscientizam que o preço aceito vai dar prejuízo, os motoristas que carregam sem antes terem feito o calculo, vão procurar compensar o prejuízo de alguma forma, e esta forma normalmente acaba sendo diminuindo o tempo de viajem.

Mas ai é que surgem os acidentes, como diminuir o tempo de viajem sem aumentar a velocidade e diminuir o tempo de descanso. Isso não é possível, aí é que entram os famosos rebites, e infelizmente não para nos rebites, existindo também as drogas pesadas que cada vez mais são utilizadas para tentar estender o tempo acordado ao volante do veiculo.

Acredito que todos já devem ter ouvido a palavra rebite mas, para quem não sabe do que se trata são medicamentos para inibir o sono.

Grande parte dos acidentes ou a seja a maioria dos acidentes acontecem por conta de excesso de velocidade e pelo motorista estar sob efeito de alguma droga.

Vejam só a poucas linhas atrás contei da falta de regras para remunerar este tipo de prestação de serviço. Então porque não se busca evitar o problema na origem criando e fazendo com que sejam aplicadas regras justas, desta forma estariam sendo evitados ou pelo menos diminuiria grandemente o numero de pessoas que perdem suas vidas e tem suas famílias destruídas nos acidentes nas estradas. Diminuiria também em números inimagináveis os gastos que o governo tem quando estes acidentes acontecem. Hoje estamos presenciando discussões a respeito da aplicação de uma lei que limita o numero de horas que um motorista pode dirigir.

Em minha opinião este é um passo positivo para a solução deste problema, mas pra minha surpresa esta havendo resistência da parte dos motoristas.

Porque esta resistência? A resposta é porque a diminuição das horas representa uma redução na renda, ou seja, no ganho de cada motorista. Isto não aconteceria se o valor pago fosse justo.

Esta aí explicado o raciocínio, procuram compensar os valores serem insuficientes dormindo menos mesmo que para isso coloquem a sua própria vida em risco mas infelizmente colocam também em risco a vida de muitos inocentes que acabam sendo vitimas nos acidentes.

Perdoem-me se ao invés de contar a historia das viagens faço minhas considerações a respeito de assuntos como este.

Vamos adiante então.

Ao encontrar o posto com as agencias de carga li atentamente as ofertas que ofereciam e percebi que nenhuma me serviria.

Fiquei sabendo que mesmo os valores oferecidos sendo inferiores ao esperado, exigiam um credenciamento que somente é fornecido por empresas seguradoras de risco de carga, este tipo de seguradora faz um cadastro minucioso do motorista, pedindo e confirmando muitas informações como referencias pessoais e comercias, não liberam o credenciamento caso haja alguma restrição como Serasa, SPC títulos protestados etc… Cada seguradora com seus critérios próprios e estes cada vez mais rígidos de acordo com o valor da carga que será transportada.

Pensei então, existe uma descriminação em relação ao profissional chamado motorista.

Será que todos sabem que para exercer esta atividade existem critérios tão rígidos?

Claro que existem cargas onde não se aplicam estas exigências, mas em contrapartida oferecem menos segurança no recebimento do frete ou por se tratar de mercadorias de valor menos elevado.

Foi este o meu caso, como ainda não havia sido credenciado por nenhuma destas seguradoras me deparei com dificuldade dobrada, arranjar uma carga com preço compatível apesar da minha falta de credenciamento.

Ciente desta realidade e que o ambiente deste posto onde me encontrava não inspirava ser seguro, pois havia ali prostituição, jogo de cartas, pessoas de toda espécie.

Em toda atividade sempre existe esta mistura, cabe a quem não se enquadra buscar outro lugar. Foi o que fiz, fui em busca de um local mais adequado.

Como já era final de tarde e inicio da noite me informaram que deveria ir até Camaçari.

Esta era a opção mais próxima, chegando lá percebi que não havia mudado muito o quadro.

Mas já estava cansado e teria que dormir em algum lugar.

Pense então num lugar onde é cobrado para estacionar seu caminhão, mas nem sequer oferecem um banheiro descente e limpo. Infelizmente isso é comum em todo o Brasil à falta de lugares que ofereçam um mínimo porque não dizer de respeito pelo profissional motorista.

Amanheceu o dia e estava fazendo novamente o de praxe, lendo placas e fazendo contas.

Quando encontrei uma carga melhor mesmo sendo seu valor ainda incompatível, veio então o empecilho da falta de credenciamento. Não restando opção busquei então me credenciar, apesar de que isso demoraria um tempo não muito pequeno alem do valor que teria que pagar pelo credenciamento. Mas cumpri as exigências e fiquei aguardando a aprovação.

Como o processo demorou me parece que a carga já havia sido destinada a outro pretendente.

Estava aguardando o credenciamento e ao mesmo tempo buscando o que carregar.

Pensei então, já fiz tudo que estava ao meu alcance, assim sendo Deus que conhece minha necessidade há de prover o que esta alem da minha capacidade.

Surgiu então um motorista procurando um caminhão para transportas o seu caminhão que havia tombado. Oferta de preço e negociações de ambas as partes, mas não chegamos a um acordo. Passava o tempo e não saia o credenciamento e a falta de perspectiva de arranjar algo melhor me levou a retomar a negociação e conseguimos entrar num acordo.

Havia então conseguido a minha segunda carga. Iria ter que me deslocar de Camaçari até Lagoinha onde estava o caminhão sinistrado.

Foi então durante este percurso que conheci melhor o meu companheiro que iria comigo até Uberaba Minas Gerais onde ficava a empresa dona do caminhão que ele dirigia.

Era ele um jovem entre seus trinta e poucos anos, vou chama-lo de Valdir.

Conversamos sobre vários assuntos até que surgiu o momento em que contei a ele sobre a cirurgia que precisei fazer e como eu atribuía a Deus o fato de poder estar ali desempenhando aquela função.

Quando falamos de Deus o Espírito Santo se torna presente e isso nos sensibiliza a refletirmos a respeito de nossas vidas. Então o Valdir começou a me contar como havia acontecido o acidente que tombou seu caminhão. Estava me contando e a todo o momento tocava seu celular, eu podia perceber pela conversa, que ele estava falando com alguma namorada. Então ele me contou que viajava pelo Brasil fazendo na maioria das vezes a linha do nordeste.

O que acontecia era que sendo ele jovem e conduzindo um caminhão grande e novo com uma cabine super chamativa e confortável. Ficava fácil para ele aproveitar a situação para fazer suas conquistas. Era muito fácil segundo ele conseguir namoradas por onde passava. Mas a que preço, esta era a pergunta em questão.

O Valdir já era comprometido, tinha esposa e uma filha de se não me engano oito ou nove anos. Dizia gostar da esposa, mas seu comportamento esta afastando um do outro.

Ele já estava considerando praticamente acabado seu casamento, dizendo que quando estava com sua esposa acabavam se desentendendo. Contava isso com uma expressão de tristeza que demonstrava que não desejava que isso acontecesse realmente.

A cada instante tocava novamente o celular e era outra de suas conquistas.

Então ele me confessou que não conseguia controlar o impulso que o levava a buscar novos relacionamentos, mesmo estando ciente que isso não era certo e que estava prejudicando sua vida.

Ao lembrar e falar de sua família ficava visível sua tristeza ao falar de sua filha e mostrar sua fotografia. Ele percebia que caminhava para o afastamento e isso iria fazer sua filha sofrer.

Então comentei com ele que eu também vivi situações em minha vida onde cometi erros e que se assemelhavam a situação que ele estava vivendo. (conto em minha historia).

Mas contei a ele que sempre busquei manter um vinculo que me impedisse de me afastar de Deus a ponto de não haver mais volta, que agradecia a Deus por ele não ter permitido meu afastamento total.

Então ele me perguntou como poderia fazer para controlar seus impulsos.

Comentei com ele então sobre um ditado popular que diz . Não se deve amarrar cachorro com linguiça. Perguntei se ele entendia o que significava, estando ele meio confuso com a minha pergunta achei melhor explicar. O que aconteceria se amarrássemos um cachorro com linguiças. De pronto ele me respondeu que o cachorro comeria as linguiças.

Disse pra ele isso é o que acontece com você.

Você é o cachorro e tuas conquistas são as linguiças, sabendo que você não resiste ou não consegue controlar seus impulsos, o que deve fazer e não se amarrar com as linguiças.

Como assim ele me perguntou? Respondi a ele, evite as situações que te colocam diante da possibilidade de sucumbir pela tua fraqueza.

Costumamos errar ao pensar que iremos tomar a decisão certa e agir da maneira certa ao sermos colocados à prova em nossas fraquezas. Normalmente o impulso nos leva a fracassarmos. Melhor então é evitar estas situações. Seria absurdo se um alcoólatra decidisse morar dentro de um boteco, assim também é um absurdo estarmos em ambientes onde as pessoas buscam coisas que não nos convém.

Esta comparação despertou no Valdir sua percepção entre certo e errado.

Começou a refletir e concluiu que era exatamente desta forma que ele estava fracassando.

Então toca novamente seu celular, daí ele olhando o numero de quem estava ligando disse, é outra linguiçinha e sorriu. Daí por diante a cada ligação ele comentava ser uma das linguiçinhas.

Mas comentou que estava triste com o rumo de sua vida e a separação da família que estava por ser a consequência de seu comportamento. Disse que se pudesse evitar que isso viesse a acontecer tentaria o que estivesse ao seu alcance, mas comentou estar preocupado que já não houvesse mais possibilidade.

Perguntei a ele se ainda havia amor entre ele e a esposa ele comentou que sim, que ainda gostava dela e acreditava que ela também gostava dele.

Então respondi que assim sendo sempre seria possível corrigir a situação, o orientei que conversasse com a esposa abrisse seu coração, e pedisse perdão a ela e tudo se resolveria.

Percebi em sua expressão um ar de contentamento diante desta possibilidade.

Durante nossa jornada até o local onde estava o seu caminhão, ele me fez um oferecimento.

Contou detalhes do acidente como aconteceu e sua sorte em ter saído praticamente ileso, tinha somente algum esfolado e alguns arranhões, explicou que ainda havia conseguido evitar que o combustível fosse derramado dos tanques do seu caminhão. Disse vou vender barato o óleo diesel que ficou pra você pra você por em seu caminhão. Justificou dizendo, Iria derramar mesmo. Não prestei muita atenção quando ele me oferecia, estava mais empenhado em fazer com que ele refletisse sobre sua vida e tentasse corrigir seus erros.

Chegamos então ao posto da policia rodoviária onde estava guardado o caminhão sinistrado.

Por tratar-se de um conjunto de cavalo trator e carreta eu iria levar o cavalo em meu caminhão e a carreta furgão ou o que sobrou dela seria levada por outro caminhão.

No percurso ele já havia avisado por telefone ao serviço de guincho que estávamos a caminho e combinou para estarem lá e colocarem o cavalo em cima de meu caminhão. Chegamos e nada do pessoal do guincho. Esperamos algum tempo e como já iria escurecer decidimos ir atrás deles. Estava-mos na base do serviço de guincho e ele se lembrou do óleo que queria me vender e providenciou um tambor e mangueira para retirar.

Estávamos todos no posto policial e providenciando o carregamento, quando percebi que o Valdir estava tentando colocar o óleo diesel que ele já havia retirado de seu tanque em meu caminhão. Aquela cena me espinhou a consciência. Diz um ditado que se alguma coisa estiver nos espinhando a consciência é porque estamos fazendo algo errado.

Argumentei com ele então a respeito dizendo que não achava certo que ele me vende-se aquele combustível, que não pertencia a ele, mas sim a empresa da qual ele era funcionário.

Ele novamente argumentou que o combustível iria derramar e ele havia conseguido evitar a perda e que este prejuízo seria coberto pela seguradora e que a empresa não seria prejudicada por conta disso.

Mesmo assim eu não estava me sentindo bem em aceitar e disse que preferia que ele não colocasse aquele combustível em meu caminhão. Mas ele insistia.

Porem sua tentativa não estava sendo bem sucedida ele havia colocado o tambor com o óleo diesel em cima de uma carreta sinistrada que estava ao lado de meu caminhão para poder derramar por gravidade utilizando a mangueira.

Mas vejam só, a mangueira não alcançava, teria que ter mais uns 20 centímetros para que isso fosse possível.

Foi então que ele me pediu para manobrar o meu caminhão para ficar mais próximo e possibilitar a transferência. Relutei mas fui quase que obrigado a atender seu pedido.

Ele argumentou que permitisse colocar somente o que estava no tambor, pois não teria o que fazer com o seu conteúdo. E deixaria o restante nos tanques onde estavam em seu caminhão.

Confesso ter errado, pois não deveria ter atendido a sua pressão. Mas ao tentar ligar o motor do caminhão adivinhem o que aconteceu.

O Fuv que é como eu chamo nosso caminhão não funcionou.

Varias tentativas foram feitas e nada, o fuv não funcionava. Até mesmo o pessoal do serviço de guincho que estava bastante acostumado a lidar com problemas semelhantes havia tentado de tudo, alem de mim e do Valdir eles também tinham procurado o problema, mas não havia nada errado na parte elétrica ou qualquer parte do sistema de acionamento. Tudo parecia estar em ordem e o Fuv não funcionava.

Depois de varias tentativas todos resolveram desistir. Chamaram-me para irmos para a base do serviço de guincho para dormirmos.

Me disseram que traríamos no dia seguinte conosco um eletricista pra resolver o problema e fazer o Fuv funcionar.

A esta altura eu estava todo sujo, tinha me deitado em baixo do caminhão e estava alem de sujo de graxa e de óleo diesel com o meu corpo cheio de terra que tinha grudado no meu suor. Mesmo assim recusei o convite e preferi ficar ali junto com o Fuv.

Depois de refazer as ligações desmanchadas e deixar tudo como estava, sentei no banco e me debrucei ao volante já exausto.

Então comecei a refletir sobre tudo aquilo, o que teria acontecido com o Fuv o sistema de acionamento dele estava perfeito até aquele momento. Foi então que fiz uma oração pedindo a Deus que me mostrasse por que tudo aquilo estava acontecendo.

Foi como se a resposta já estivesse em minha mente e eu ainda não havia percebido.

Minha lembrança me levou ao meu passado quando eu ainda estava tentando vender ou trocar a nossa casa por um caminhão, lembrei que, em oração havia pedido a Deus que estivesse sempre comigo e em todo momento me acompanhasse em tudo que eu fosse fazer não permitindo que eu me afastasse dele.

Tive então a certeza, a reposta que pedia na verdade já estava em minha mente, e era esta a resposta, o problema estava no combustível que o Valdir tentava colocar no tanque do Fuv.

Ele não havia conseguido colocar, mas entendi o que estava acontecendo.

Ali estava o problema.

Fui então pedir ao policial que me permitisse tomar banho no banheiro do posto policial.

Vendo a minha condição a maneira que eu estava sujo percebi que ele ficou aborrecido em ter que negar meu pedido. Argumentou que da parte dele ele permitiria, mas que seus colegas haviam proibido que fosse emprestado o banheiro deles a quem quer que seja.

Com certeza deve ter sido devido à sujeira que estes empréstimos causaram e devem ter sido eles obrigados a limpar.

Não tirei sua razão e até entendi o motivo. Mas e agora, com o corpo todo sujo e precisando urgentemente de um banho, mas não tinha a onde tomar banho.

O que fazer então, eu tinha um pequeno reservatório de água pendurado na carroceria do Fuv.

Quase todos os caminhoneiros colocam este tipo de reservatório para poder lavar as mãos e o chamam de corote não sei se este nome esta correto. Pensei esta é a única solução.

Fiquei seminu ao lado do caminhão e tive que tomar banho usando detergente de lavar louça para tirar à graxa e meu chuveiro era a torneirinha do corote.

Devido ao mal estar, não iria conseguir dormir, sujo como estava. Tudo bem mesmo tomando banho no corote agora já estava mais limpo, como estava antes não daria para deitar no banco do Fuv.

Vesti-me e fui então entregar ao policial com quem havia conversado um livrinho que continha a minha historia. Conforme contei eu havia escrito a historia da minha vida e ao terminar de escrever entendi que era um testemunho e que eu deveria levar e entregar para as pessoas que Deus coloca-se em meu caminho. Para fazer isso eu mandava imprimir estes livrinhos em copiadoras e sempre procurava levar o maximo que fosse possível nas minhas viagens. Então fui tocado a entregar a este policial um destes livrinhos.

Conversamos a respeito do milagre de eu estar andando e trabalhando como caminhoneiro. Mesmo pós ter perdido o movimento nas pernas e ter sido desenganado pelo medico que me deu alta dizendo que meu caso não tinha solução. Ali estava eu como disse ele, uma prova do poder de Deus, mostrei a ele a cicatriz que tenho nas costas obtida na cirurgia onde recebi oito parafusos na coluna. Isso sensibilizou o policial, ao falarmos de Deus o Espírito Santo age em nossas vidas e na vida da pessoa com quem estamos falando.

Então o policial com uma expressão de tristeza disse conhecer sobre a palavra que esta escrita na Bíblia e que apesar de conhecedor estava afastado. Demonstrou preocupação por ter se afastado e o desejo de buscar este caminho novamente.

Então depois de comentar o testemunho. Ele me perguntou qual era o problema com o meu caminhão.

Respondi a ele que o problema era com o óleo diesel. Ele então com uma expressão de espanto me perguntou, como assim? Perguntou se o meu caminhão estava sem óleo diesel? Respondi que não que o problema era com o óleo diesel do outro caminhão.

Daí ele disse que não estava entendendo como o óleo diesel do outro caminhão estava impedindo o meu de funcionar. Tive então que explicar a ele, o que já contei nas linhas anteriores, e a certeza que tive quando em oração recebi a resposta.

Tratava-se de uma coisa errada o que iríamos fazer e Deus havia impedido o Fuv de funcionar para que não possibilitasse a colocação do combustível que estávamos para por em seu tanque.

Terminamos a conversa concordando sobre o assunto e fui dormir.

Logo ao amanhecer fiz como de costume uma leitura da minha Bíblia, companheira de todas as viagens e fiquei esperando o pessoal do serviço de guincho chegar com o Valdir e o eletricista que ficaram de trazer para consertar o problema.

Chegaram então e não trouxeram um só mais duas pessoas com experiência para resolver o problema. O pessoal do guincho foi se ocupar da transferência e colocação do cavalo em cima do Fuv. Eu estava acompanhando o que os mecânicos iriam fazer e percebi que o Valdir havia trazido uma mangueira mais comprida e estava tentando novamente transferir aquele óleo para o tanque do meu caminhão.

Desta vez agi como deveria ter agido desde o principio, disse a ele em um tom determinante que não era para ele colocar aquele óleo no meu caminhão, que todo aquele problema que estava acontecendo e que me fez passar a noite ali era por causa daquele óleo.

Expliquei a ele como eu havia chegado àquela conclusão, ele relutou ainda, mas como percebeu que eu estava determinado desistiu de sua intenção.

Perguntou-me então, o que vou fazer com este óleo? Respondi a ele não sei o que vai fazer com o óleo diesel, mas neste caminhão você não vai colocar.

Nisso os mecânicos foram tentar dar a partida no caminhão para ver que tipo de barulho iria fazer e desta forma tentarem identificar a origem do problema.

Mas acreditem se quiser, o Fuv funcionou na primeira tentativa.

Todos ficaram espantados, menos eu que já estando convicto da origem do problema. Agradeci a Deus pela sua misericórdia por ele ter me perdoado permitindo que o Fuv funcionasse sem sequer precisar de nenhum reparo.

Comentei com eles sobre o que havia acontecido e todos ficaram com uma expressão de medo em seu semblante.

As duas pessoas que foram com eles para consertar o caminhão, tendo ouvido o relato do que aconteceu ficaram também sensibilizados porque realmente não existia outra explicação.

Os mecanicos com certa inibição disseram que teriam que cobrar pelo menos um valor mínimo para cobrir seu deslocamento, paguei o valor do combustível que eles gastaram e um pouco mais que pediram pelo tempo gasto, e foram pensativos cuidar de suas vidas.

Acabamos então de carregar o cavalo em cima do Fuv e fomos até a base do guincho para terminarmos de amarrar o cavalo.

Tendo acabado e estando prontos para seguirmos nossa viagem, veio então o Valdir perguntando o que iria fazer com o combustível que havia tirado de seu caminhão.

Respondi a ele que entregasse ao pessoal do guincho, pois ele tinha um valor ainda a pagar a eles.

Vejam só o que aconteceu, ele ofereceu aquele óleo diesel para o pessoal do guincho que imediatamente recusou, dizendo que de forma alguma iriam receber aquele combustível.

Vejam só o temor que aquele acontecimento causou a eles.

Resumindo o assunto a solução que encontraram foi, utilizando cordas, levantar o pesado tambor com bastante dificuldade e colocar novamente aquele combustível no tanque do caminhão que havia tombado.

Seguimos então em nossa jornada rumo a Minas Gerais, sem que surgisse nenhum problema.

Conversamos muito durante a viagem sobre o que havia acontecido e outros assuntos e tudo transcorreu normalmente.

Ficou então mais um amigo e mais algumas pessoas tocadas pelo espírito santo a refletirem sobre suas vidas e seus hábitos.

Termina então a segunda viagem do FUV.

1° viagem – Carga de Arroz

De Cuiaba – Mato Grosso X Salvador – Bahia 2.498 KM.

Este é o FUV nome dado pelo meu neto ao nosso caminhão quando ele tinha 3 anos (detalhes na minha historia parte ll).

Pretendia escrever contando as historias das viagens em forma de diário contando as experiências vividas em cada viagem por isso dei o nome de “Diário de bordo”

Mas quanto tempo já se passou desde a primeira viagem…Assim é nossa vida entre uma decisão e uma atitude pode passar muito tempo, talvez a nossa própria vida possa ter passado sem que coloquemos a decisão em pratica, então vamos lá…
Iniciar uma atividade é sempre um desafio, estava eu agora diante do desafio da primeira viagem com o “FUV” este foi o apelido que nosso caminhão recebeu de meu netinho quando ele tinha 3 anos, fuv éra para ele uma forma de abreviar o nome da marca do caminhão marca ” Fuvsvaguem”.

A primeira viagem Carregado com arroz de Cuiaba- MT para Salvador na Bahia

Escolhi a primeira carga levando em conta que precisava ganhar dinheiro para suprir as necessidades da família, estava unindo o útil ao agradável, pois gosto de viajar e conhecer novos lugares, escolhi carregar de Cuiabá – MT para Salvador na Bahia. Com um GPS e um mapa rodoviário nas mãos, lá vou eu. O FUV havia passado por reparos de motor e uma checagem quase que geral em toda sua mecânica. Mas no caminho alguns sinais surgiram de coisas a consertar. O mais preocupante era um vazamento de óleo por falha de vedação, isso poderia ser controlado mantendo sempre o nível, repondo o óleo perdido.
Estava na estrada como havia desejado, com o Fuv e 300 sacos de arroz de 50 quilos cada na carroceria a caminho de uma terra desconhecida.

Até Goiânia eu já conhecia, este trecho eu já havia percorrido, daí em diante era tudo novo pra mim.
Passei então por Brasilia, confesso que ao estar andando pelas ruas de Brasilia senti uma emoção diferente, não se pode evitar um sentimento de patriotismo quando se passa pela capital de nosso Pais, contemplar o Dom que Deus da a nós seres humanos nos capacitando para realizarmos obras como esta cidade. Passando adiante já na cidade de Barreiras na Bahia, veio o primeiro friozinho no estomago.
Estava dirigindo normalmente cuidando de todos os sistemas do veiculo, se estava tudo ok na pressão de óleo, pressão de pneus todos os relógios marcadores de funções sendo checados constantemente. Estava sempre olhando nos espelhos para observar as laterais do caminhão percebi então que saia fumaça das rodas traseiras. Eu estava andando em um trecho com muitas subidas e descidas, num caminhão ao contrario do que pensam a maioria dos motoristas dos carros pequenos a resposta do acionamento do freio pode se alterar de um instante para o outro.
Ao perceber a fumaça procurei imediatamente um local para poder estacionar o caminhão e poder verificar se algo estava errado, ou era devido ao uso demasiado dos freios por força da estrada ingrime. Realmente … este era o motivo, acionando com muita frequência os freios eu havia descoberto o limite para utilização, este era o limite.
Esperei esfriarem as lonas de freio e confesso que dai em diante redobrei o cuidado com a utilização dos freios, mas como eu nunca havia passado por esta estrada devido ao susto fiquei com a impressão que aquela foi a mais comprida serra por onde já havia passado até aquela data, aproximadamente 70 km.

Correção recentemente indo para o Espirito Santo pela BR 162 com certeza esta é a mais comprida das serras por onde passei até esta data, mas nesta ocasião já com mais experiência a viagem transcorreu normalmente.
Então após alguns dias de estrada e vendo as mais diferentes paisagens, cheguei a Salvador.
Ao longo do trajeto percebi que utilizar o GPS não inspira muita segurança, existem varias opções de estradas e ruas sugeridas pelo GPS que nem sequer existem, fiquei então com uma pergunta, porque existem no Gps mas não existem na realidade? O que poderia explicar ou responder esta pergunta? Até hoje ainda não obtive a resposta. Então decidi não arriscar e ao entrar na cidade recorri a um Chapa, chapas como são chamados são pessoas que ficam na beira da estrada oferecendo seus serviços. Os serviços oferecidos pelos chapas são o de descarregar as mercadorias transportadas ou servirem como guias levando o condutor do veiculo ao endereço que ele procura.

Percebi que tomei uma decisão acertada porque o GPS não teria me levado ao meu destino. Chegando ao destino pensei, como seria se eu estivesse com um caminhão de maior porte, carreta ou bitrem , até mesmo rodo-trem que é o mais longo existente hoje e chega a transportar até 50 toneladas equivalente a três vezes a carga do fuv que é de quinze toneladas isso já em seu limite máximo.

Faço este comentário para registrar um fato que acontece com frequência na área do transporte de cargas, as pessoas não sei por qual motivo não procuram saber , se o veiculo escolhido tem suas características dentro da realidade das estradas por onde vai ter que trafegar ou se esta adequado as condições de acesso e descarga do local de destino da mercadoria. Para mim serviu como um alerta para este tipo de situação.

A carga que eu estava levando deveria ser transportada por um “bitrem” segundo o desejo de quem estava contratando meu caminhão, para quem não conhece, bi-trem é um caminhão articulado composto de cavalo trator + duas carrocerias chegando a até dezenove metros de comprimento com capacidade para carregar o dobro da carga do meu caminhão que é chamado de truck, não tendo conseguido um bitrem disponível decidiram dividir em duas cargas de truck, uma das quais eu levei.

No local de descarga não existia pátio de descarga nem sequer um acostamento de rua compatível, nem mesmo para um truck quanto mais para uma carreta ou caminhão maior como estava destinada a carga inicialmente. Mas vencida as dificuldades estava cumprido o compromisso, e entreguei minha primeira carga com o fuv.

Oque fazer agora ? buscar outra carga para voltar para casa, este é o primeiro pensamento que passa pela cabeça do caminhoneiro.
Existe uma piada que define esta maneira de pensar do caminhoneiro.

Conta-se que um caminhoneiro encontrou uma lâmpada mágica, saiu dela um gênio da lâmpada e este ofereceu ao caminhoneiro tres pedidos, então este pensou , pensou e como estava com seu caminhão carregado, disse ao gênio que seu primeiro desejo a ser realizado pelo gênio seria que ele descarregasse seu caminhão. Tendo seu primeiro pedido atendido o gênio perguntou qual seria o segundo pedido.

Pensou, pensou novamente e pediu que ele arranjasse outra carga para seu caminhão, logo foi atendido novamente pelo gênio que perguntou novamente qual seria o terceiro pedido.

Respondeu então o caminhoneiro que desejava descarregar novamente seu caminhão.

Claro que isso é uma piada, mas talvez não para quem esta vivendo a situação que um caminhoneiro vive com frequência. Arranjar uma carga que leve de volta para casa, primeiro grande problema, segundo grande problema arranjar uma carga que pague um preço justo.

Terceiro problema alem de tudo que é normal e cabe ser feito até que se chegue ao destino da carga, surge por vezes a dificuldade em descarregar a mercadoria. Quem tem parentes que atuam nesta área sabe a este respeito. E comum ter que esperar em filas para descarregar a mercadoria transportada.

Penso eu que bom seria se houvesse maior consideração pelo ser humano chamado caminhoneiro.
Alguns lugares tem este respeito ao trabalhador criando instalações adequadas de espera com banheiros e local decente para estacionar, mas alguns que tive a oportunidade de conhecer não oferecem as mínimas condições.

Então continuando a viagem… como diz a piada meu desejo era carregar o caminhão novamente. Parece mesmo que este pensamento responde a mais urgente necessidade, pois representa voltar para casa ou não sendo possível voltar para casa o segundo desejo que é ganhar a sobrevivência para nossas famílias ou pessoas que dependem do nosso trabalho.

Agora conto uma experiência da presença de Deus, sua presença foi percebida durante toda a jornada, pois estar com saúde realizando um trabalho digno e podendo contemplar as paisagens no caminho já permitiam através disso sentir sua presença.

Conto agora uma situação onde somente pela ação imediata da providencia Divina eu poderia ter superado a situação.
Ao sair com o caminhão do lugar da entrega, entrei numa via de cinco pistas com um movimento intenso.
Havia percorrido poucos kilometros e o fuv apresentou um problema mecânico.
Estava sem resposta no pedal de embreagem e o caminhão não tinha força para andar.
Com cuidado e bastante dificuldade consegui estacionar o caminhão no acostamento.
E agora? O que fazer ? tentei verificar a causa do problema mas estava fora de meu alcance a solução.

Como tudo foi resolvido é que eu chamo de providencia Divina.

Fiz sinal a um ônibus que vinha em minha direção e mesmo estando fora de seu local de parada o motorista abriu sua porta quase que em movimento pois ali não era permitido parar mas possibilitou que eu pudesse entrar no veiculo.

Expliquei meu problema ao condutor do ônibus que me ajudou respondendo minhas perguntas. Onde eu poderia encontrar uma oficina e como chegar até ela.

Providencia divina ou não como você chamaria, a pane aconteceu por volta das 16:00 hs. num horário de pico do transito, num local super inadequado para estacionar.

Mas antes mesmo de começar escurecer eu estava com o fuv na estrada novamente, em tao curto espaço de tempo eu já havia conseguido dois mecânicos com um veiculo de socorro que me conduziram até o Fuv identificaram o problema e me conduziram ao pátio da concessionaria, onde terminou o conserto e tudo isso em poucas horas numa cidade onde eu não conhecia nada e ninguém, considero que somente por Deus tudo aconteceu desta forma.

Um Problema mecânico como este poderia demorar pelo menos um dia ou até dois dias para eu retornar a estrada.

Novamente muita sorte?

Acredito que foi amparo Divino!

(Publicado em Blog a Primeira  viagem aparece por ultimo na barra de rolagem)